CRÔNICA SOBRE O TRÊS.

Três anos de suspiros poéticos e amizades, três anos mais uma bênção que é pra toda vida; três períodos de trezentos e sessenta e cinco dias. Amor, humor, rancor, amor, compreensão. Todas as cartas de amor não são ridículas, o que contraria Fernando Pessoa em memorável reflexão. A mãe afastada de um filho teve a alegria de revê-lo em seu regaço. A mulher cercada pela Inquisição pós-moderna, sem tecnologia e criatividade, viu o marido socorrê-la com a espada da Justiça.

 Oito vezes, nove vezes, incontáveis vezes. O coração humano que dispara em noites súbitas de entrelaçamento de corpos de uma só carne. "O amor é mais forte do que a morte; duro como a sepultura o ciúme". A dura e estonteante verdade de um Livro Sagrado de cabeceira. Três anos em volta da mesa, longe do quintal, a vida não começa no ponto final. Ela continua. Carne nua, verdade nua e crua. Olhos que festejam a alegria da presença dela; olhos que rejeitam a espontaneidade e sinceridade dela. Três anos e o amor é a menor distância entre dois pontos. Uma linha reta sem arestas, com paisagens nas janelas de diferentes veículos. O susto de um acidente; o companheirismo da dor no corredor do mais assustador dos hospitais. O amor mais Forte do que a Morte.
a dura constatação de que a felicidade entre dois incomoda. Mas é moda permanente o desejo latente de ser feliz e ser gente. Amor humor pudor intimidade vida privada e pública.
Três anos vezes três, que venham trinta e três, sessenta e seis, noventa e seis, infinitamente. Frustremos toda poesia de Vinícius, que o amor seja infinito infinitamente e que para sempre dure. Vale um beijo com sabor de chocolate negro, para que em nosso filho não possa manifestar alergia, somente alegria.
(De Antônio Carlos do Nascimento para a esposa Adriana, com direitos autorais reservados, em data de 03 de janeiro de 2012)