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quarta-feira, 31 de julho de 2019

Apresentador do Jornal Hoje fatura R$ 7 milhões com banco e causa ira na Globo



Apresentador do Jornal Hoje, o jornalista Dony De Nuccio faturou nos últimos dois anos um total de R$ 7.239.692 produzindo "road shows telepresenciais", vídeos, cartilhas e palestras para o BancoBradesco. Em alguns vídeos, exibidos apenas a bancários em treinamentos, Dony também atuava como apresentador e entrevistador de executivos do Bradesco. 
As atividades do âncora do JH no banco contrariam seu contrato com a Globo e põem em xeque um dos pilares dos Princípios Editoriais da emissora, que é a isenção jornalística. Dony só revelou suas relações com o Bradesco a seus chefes na Globo há duas semanas, quando o Notícias da TV publicou em primeira mão que ele gravou vídeos internos enaltecendo produtos da Bradesco Seguros, outra empresa do grupo financeiro. A Globo entendeu que não houve má-fé de Dony, mas o repreendeu por violar suas normas editoriais.
Dony também negou que as duas notas fiscais de R$ 2 milhões cada tenham sido pagamento pelo uso de sua imagem como apresentador em vídeos do Banco Bradesco. Afirma que sua imagem só foi usada em vídeos da Bradesco Seguros.
A Globo disse que a demissão do comentarista econômico Samy Dana não teve relação com a descoberta de que ele é (ou era até duas semanas atrás) sócio de Dony De Nuccio em uma empresa que prestava serviços a um banco que, eventualmente, pode ser notícia na emissora.
"A não renovação do contrato nada tem a ver com o assunto, uma vez que ele não era contratado como jornalista, mas como analista econômico, com contrato que permitia que ele mantivesse as atividades que tinha antes, entre as quais as atividades da empresa", esclareceu a emissora.
Dana disse apenas que todas as "atividades exercidas fora da TV Globo estavam explicitamente previstas em contrato".
O Banco Bradesco, por sua vez, afirmou que "não comenta contratos firmados com seus fornecedores".
Dony De Nuccio, por meio da Globo, fez os seguintes esclarecimentos:
"1) Desde meados de julho retirou-se totalmente da empresa citada, não tendo com ela mais nenhuma relação;"
"2) No período em que esteve ligado à empresa, os produtos e serviços foram relativos à produção de vídeos e ao oferecimento de infraestrutura para atividades audiovisuais. A sua imagem como apresentador só foi usada na produção audiovisual de treinamento já objeto de matéria do site (aquela cujo cachê comprometeu-se a doar);"
"3) Em todo o período em que esteve ligado à empresa jamais atuou na captação de clientes e jamais negociou valores ou discutiu pagamentos;"
"4) Os serviços sempre foram prestados mediante notas fiscais e os valores delas não refletem pagamentos feitos a ele, mas os custos totais dos serviços ou da produção. Não confirma nem valores nem serviços relatados pela coluna, e indigna-se com a possível quebra de sigilo fiscal da empresa à qual estava vinculado."
A TV Globo complementou:
"Esses esclarecimentos já tinham sido feitos à direção de Jornalismo quando parte da produção audiovisual de treinamento foi notícia do site, semanas atrás. Na ocasião, Dony De Nuccio foi advertido de que seu contrato de trabalho proíbe a prestação de serviços a terceiros sem prévia autorização."
"Feita a advertência, a direção de jornalismo decidiu aceitar os esclarecimentos do jornalista e as providências que ele tomou (assim como o compromisso de não voltar a incorrer no erro). Dony se desculpou e disse ter sido seu entendimento que, ao não se envolver em negociações ou usar sua imagem para publicidade, não infringia normas da profissão ou da empresa."
"A TV Globo reconhece que não houve má-fé por parte de Dony De Nuccio. Mas afirmou a ele que as regras existem, entre outras razões, para evitar que jornalistas sejam questionados e tenham que dar esclarecimentos tão detalhados à imprensa."

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