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“Cloroquina é o remédio para vencer a epidemia”

Brasil Sem Medo - “Cloroquina é o remédio para vencer a epidemia”


Paolo Zanotto, virologista da USP, afirma que uso da hidroxicloroquina é o método mais eficaz para salvar milhares de vidas e evitar uma tragédia histórica


O virologista Paolo Zanotto, professor do Departamento de Microbiologia da USP, assegura que o uso da hidroxicloroquina em pacientes de coronavírus é o método mais eficaz para salvar milhares de vidas, evitar uma tragédia de proporções colossais e vencer a pandemia que assola o mundo. Estudioso da evolução do vírus, com doutorado na Universidade de Oxford, Zanotto participou da elaboração de um protocolo que vem sendo adotado nas últimas semanas por alguns dos principais hospitais de São Paulo — como a Santa Casa, o Albert Einstein e o Sancta Maggiore — no tratamento de pacientes com sintomas iniciais de Covid-19. De acordo com esse protocolo — ao qual a reportagem do BSM teve acesso exclusivo —, a cloroquina deve ser administrada aos pacientes logo no início da doença, preferencialmente do 2º ao 4º dia do aparecimento dos primeiros sintomas, como febre, tosse, coriza e respiração superior a 22 vezes por minuto. As pessoas que manifestam esse quadro devem receber o medicamento na própria casa, o que desafogaria as redes hospitalares e o sistema de saúde como um todo. Segundo Zanotto, não faz sentido dar o remédio apenas para pacientes que se encontram na fase avançada da doença, como vem defendendo o Ministério da Saúde. “Mandetta está errado”, diz Zanotto.

A eficácia da hidroxicloroquina (em associação com a azitromicina) está sendo comprovada por diversos estudos clínicos internacionais, mas estranhamente continua ignorada pela grande mídia, os governos e parte da comunidade científica. Zanotto afirma que existem razões político-ideológicas para essa atitude, mas alerta: a cloroquina não é o “remédio do Bolsonaro”, nem o “remédio de Trump” — é o remédio da vida.

Leia a seguir a entrevista exclusiva de Zanotto ao BSM:



Paulo Briguet: Quais são as principais diferenças do coronavírus em relação aos outros vírus que o sr. estudou nas últimas décadas?

Paolo Zanotto: Em 2003, tivemos um outro vírus desse tipo, o da SARS-1. Trabalhei com ele na Alemanha. Era um vírus extremamente problemático, mas não teve a facilidade de espalhamento que esse teve. Depois tivemos o coronavírus de camelo, que passa de camelos para humanos, mas felizmente não houve nenhum desdobramento pandêmico. O vírus atual tem um aspecto que os outros vírus do mesmo tipo não têm: uma transmissibilidade espantosa. É um vírus que tem, digamos assim, superpoderes para se transmitir de maneira extremamente eficiente entre humanos. A Covid-19 não é uma simples pneumonia. Ela é muito mais complexa e devastadora do que uma pneumonia. Há um comprometimento violentíssimo do pulmão. O que nós sabemos, com base nas observações das últimas três semanas? A pessoa é infectada e até o 4º dia de aparecimento dos sintomas — o que chamamos de “fase de expansão viral” —, o pulmão vai acumulando lesões. Os primeiros sintomas são febre, coriza, um estado gripal muito leve. No período que vai 2º ao 4º dia, é preciso dar o remédio à pessoa — e esse remédio é a hidroxicloroquina. Se você não der o remédio, no 7º dia o paciente já estará com o pulmão completamente comprometido. Quando surgir a tosse seca e dificuldade respiratória, será muito difícil tratar a doença. A rede Prevent descobriu que, iniciando o tratamento do 2º ao 4º dia, e usando hidroxicloroquina em associação com azitromicina, você salva a pessoa. Ela nem vai ser hospitalizada. A Prevent cuida de 25% da população de São Paulo e tem milhares de pacientes na cidade. Eles fizeram um protocolo, baseado em telemedicina: se o número de respirações por minuto está acima de 22, eles enviam o medicamento à casa da pessoa. Com isso, o paciente é curado em casa, sem sequer utilizar o sistema hospitalar.



Paulo Briguet: Mas por que esse protocolo não está sendo aplicado em larga escala?

Paolo Zanotto: Acho que eu entendi por quê. A hidroxicloroquina ficou sendo o “remédio do Bolsonaro” e o “remédio do Trump”. Agora, eles estão sob fogo cerrado — inclusive de dentro dos seus próprios governos. Tecnicamente, o remédio deveria ser dado entre o 2º e o 5º dia da doença; depois disso, a pessoa precisa ser internada porque vai precisar de apoio respiratório. É uma terapia curta, e os efeitos adversos não estão se manifestando, segundo diversos trabalhos. Em São Paulo, a rede Prevent teve 96 mortes por coronavírus até o dia 22 de março, praticamente metade de todas as mortes reportadas pelo governo de São Paulo. Hoje eles estão com apenas uma pessoa na UTI. Desde que a Prevent adotou esse protocolo, não registrou mais mortes por coronavírus. E as pessoas que tiveram problema são as que entraram tardiamente nesse protocolo, já com a doença avançada. A Santa Casa e o Albert Einstein também adotaram esse protocolo, além de vários hospitais do interior de São Paulo, sempre com ótimos resultados. No Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, a equipe médica entendeu o que está acontecendo e colocou o ovo de Colombo em pé. Temos um protocolo que está salvando vidas.



Paulo Briguet: Existem, portanto, razões ideológicas para a recusa do tratamento por cloroquina?

Paolo Zanotto: Se o povo não estivesse falando que esse é o “remédio do Bolsonaro” ou o “remédio do Trump”, seria diferente. Se fosse a “droga do Doria” ou a “droga do Lula”, eu garanto que seria um sucesso. Há muita ideologia envolvida no problema. Para alguns, se for necessária a morte de milhões para tirar o Trump e o Bolsonaro, que seja assim.



Paulo Briguet: O protocolo adotado pelo Ministério da Saúde prevê o uso de hidroxicloroquina somente na fase final da doença, em pacientes graves. Como o sr. vê isso?

Paolo Zanotto: De todos os pacientes entubados, 50% morrem se tiverem alguma comorbidade. Os que sobram podem ficar com 50% de comprometimento pulmonar e sair de lá com menos de 20% de capacidade respiratória. Hoje (quinta-feira), eu alertei o Wanderson de Oliveira (secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde) sobre isso e afirmei claramente: “O ministro Mandetta está errado”. Passei para ele o protocolo, os dados, todas as informações, a timeline da doença, mostrando que qualquer tratamento medicamentoso depois do 4º dia tem pequenas chances de sucesso. Mas não tive resposta — e acho que não vou ter. Volto a dizer: o protocolo de uso da cloroquina na fase inicial da doença vem salvando vidas, mas está sendo desprezado e criticado pela imprensa, pelos governos e até por gente da área científica. A doutrina do “quanto pior, melhor” está no interesse de alguns grupos por aí.



Paulo Briguet: Mas isso não pode acontecer... São vidas que estão em jogo!

Paolo Zanotto: Mas quem lhe disse que vidas são importantes? Para alguns grupos, o importante é o poder. Joseph Ratzinger (o papa emérito Bento XVI) disse outro dia algo muito interessante: “Quando não há princípios superiores, tudo é poder pelo poder”. A gente vive numa realidade em que os aspectos que definem a civilização humanista estão deixando de valer. Hannah Arendt, uma das filósofas mais importantes do século passado, resgatou a necessidade de valores, da distinção entre o certo e o errado, entre o bonito e feio. Quando jovem, ela foi aluna do filósofo Martin Heidegger. Tiveram até um caso amoroso. Depois disso, com a ascensão do nazismo, ela foi para os Estados Unidos e se tornou uma acadêmica muito respeitada. Durante a Segunda Guerra, Heidegger se tornou reitor da Universidade de Freiburg. Em seu discurso de posse, ele fez uma apologia do nazismo. Quando acabou a guerra, Hannah Arendt visitou Heidegger na Alemanha. Todo mundo ficou horrorizado. Mas por que ela fez isso? Porque precisava saber como uma pessoa como Martin Heidegger se dobrou àquilo. Esse encontro foi fundamental para que, tempos depois, ela participasse do julgamento do criminoso nazista Eichmann em Jerusalém, que resultou em um de seus mais famosos livros. Esse período de Hannah Arendt em Jerusalém se resume a uma única frase, que eu guardo no meu coração: “Quando a necessidade substitui a verdade, o mal se torna banal”. Ela não foi conversar com Heidegger porque tinha saudades do velho professor. Ela fez isso para coletar informações e entender o problema do mal. No julgamento de Eichmann, ela encontra um burocrata, que cuidava da família, que se preocupava porque os soldados nazistas matavam as pessoas com um tiro na cabeça de forma errada, fazendo com que as pessoas sentissem dor. Eichmann era uma “pessoa normal”. Ela escreveu sobre a banalização do mal, que é uma decorrência da falta de valores superiores nos seres humanos. E é exatamente o que estamos vendo acontecer agora, com a pandemia do coronavírus. O materialismo histórico e a dialética marxista invalidaram o aspecto transcendente da humanidade. Se o ser humano não possui transcendência, a morte de milhões de pessoas para impor uma ideologia é totalmente válida. Estamos vivendo num período em que o transcendente foi eliminado ou está em processo de eliminação. Aí você entende o grande poder que o Partido Comunista Chinês tem no mundo todo. Eles estão comprando nossa imprensa, nossos intelectuais, nossas indústrias. Eles são a consequência da desumanização. Sob o pretexto de promover a igualdade, estão criando a realidade que Hayek chama de servidão. Em certo sentido, o que estamos vivendo é compreensível na dimensão filosófica. Apesar de ser um técnico e trabalhar com a evolução de vírus, tenho essa preocupação com a ética. Essa modernidade está avançando a um preço caríssimo, que é a essência do homem. Certa vez, Saul Alinsky encontrou uma senhora que havia acumulado vários feitos na militância radical e perguntou a ele: “O que devo fazer agora?” Ele respondeu: “Agora você deve morrer, e de uma morte bem pavorosa, porque não precisamos mais de você”. É algo parecido que estão dizendo para todos nós agora. Se a gente imagina um país como o Brasil, que viveu por 40 anos com uma educação de linha socioconstrutivista, não é de se estranhar que tenhamos tanta gente fazendo oposição à vida.

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