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Coronavírus muda hábitos de consumo e aumenta demanda por itens da cesta básica


O avanço do novo coronavírus mudou a paisagem de cidades brasileiras e provocou rápida mudança nos hábitos de consumo. Com as famílias passando mais tempo em casa, houve aumento da busca por alimentos nos mercados, especialmente itens básicos.
Por outro lado, o medo de contágio está levando os consumidores a tentar ir menos vezes à loja física, aumentar os pedidos de entrega por canais virtuais e telefone ou alterar o horário de sair às compras. Algumas redes já precisaram modificar os horários de reforço no caixa para evitar aglomerações e atender os consumidores.
— Além da mudança do consumo de produtos, a população passou a se preocupar mais com os cuidados com a saúde e alimentação. O brasileiro aumentou seu consumo de água (64%), frutas e verduras (44%), vitamina C (36%). Houve aumento de 30% a 40% no consumo via comércio eletrônico no lugar de lojas físicas — explica Márcio Jorge, diretor de inteligência digital da consultoria ZAHG.
O aumento do consumo também já se reflete nos preços, especialmente de produtos da cesta básica. Segundo coleta do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), a alta média dos preços de 20 itens foi de 1,64% em março.
— Além do aumento da demanda por alimentos, pois todas as refeições estão sendo feitas em residência, houve crescimento da estocagem de alimentos por receio de que o vírus se propague mais e expanda o período de confinamento social — avalia o economista André Braz, coordenador do IPC do FGV/IBRE.
A médica Renata Brando, de 32 anos, calcula que o consumo da família tenha subido 50%.
— Tenho comprado mais mantimentos, como carne, que estão acabando mais rápido. Para ir menos ao supermercado, vou fazendo uma lista do que está faltando e tento ir uma vez só por semana. Aproveito para fazer as compras de hortifruti. Na padaria, por exemplo, compro mais pão e congelo — diz.
Congelar alimentos
Uma boa solução para fazer alimentos perecíveis durarem mais é adotar o congelamento. De acordo com a nutricionista Mônica Cecilia Araújo, é possível armazenar frutas e legumes por até seis meses sem que percam suas propriedades.
— Quase todas as frutas, especialmente frutas vermelhas, como morangos, cereja, framboesa e mirtilo, congelam muito bem. Já os legumes, o mais indicado é congelar os que são cozidos antes de servir — orienta.
Antes de levar ao freezer, no entanto, é preciso retirar as cascas não comestíveis e cortar os legumes da maneira que preferir utilizá-los depois, em cubos ou em rodelas.
A nutricionista Juliana da Mata destaca que apenas tomate, alface, agrião, rúcula e rabanete não podem ser congelados. Temperos, como salsa, cebolinha, manjericão, devem ser higienizados e picados antes de serem colocados no congelador.
Segundo ela, o procedimento pode ser adotado até mesmo para conservar o pão francês e não precisar ir à padaria todos os dias:
— Passe um papel alumínio no pão e leve ao congelador. Depois, para consumir, basta colocar no micro-ondas por 30 a 40 segundos, ou um pouco mais de tempo no forno convencional — sugere. — Você também pode fazer torradas dos pães e guardar em vasilhas com tampas, depois de terem esfriado um pouco após saírem do forno.
Para não esquecer o alimento na geladeira, é indicado colocar uma etiqueta com data.
Não deixe de consumir
Mesmo reduzindo as idas ao mercado, a nutricionista Camilla Faria reforça que os vegetais folhosos não devem ser evitados por serem importantes para a saúde. A recomendação é comprar em menor quantidade, secá-los bem após fazer a higienização e guardá-los na geladeira em potes fechados.
— As frutas podem ser armazenadas em sacos plásticos e legumes ou refeições completas, em potes de vidro. Nunca congele em potes de plástico, nem esquente no micro-ondas neste recipiente. O plástico contém muitas toxinas que são liberadas ao esquentar — aconselha.
Para manter a alimentação saudável, a nutricionista Juliana da Mata indica apostar em farelo de aveia, sementes de girassol, gergelim, cogumelos desidratados, assim como oleaginosas e frutas secas.
Veja as dicas:
– Faça uma revisão da despensa e planeje cardápios para comprar apenas os itens necessários, para que não haja desperdício;
– Como o objetivo é circular menos, vale se programar para ir ao mercado uma vez por semana;
– Pesquise os preços pela internet ou em encartes dos supermercados e escolha o que oferecer as melhores opções, de acordo com a sua cesta de compras;
– Leve uma lista com tudo o que precisa para o período;
– Não exagere nas compras;
– No uso de produtos de limpeza, utilize a quantidade indicada pelos fabricantes ou faça diluição de produtos;
– Congele os alimentos que não forem ser utilizados imediatamente;
O Globo

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