Últimas notícias

'Estamos focando no coronavírus e esquecendo da dengue', diz virologista



Gúbio Soares, que identificou Zika Vírus no país, diz que existe 'pânico', explica as possibilidades de o vírus chegar a Salvador e como a dengue está 'negligenciada'

Num intervalo de 40 minutos, o celular do virologista Gúbio Soares toca cinco vezes. “Todos querem saber se o coronavírus chegou”, justifica. Em 2015, ele - junto à pesquisadora e colega Silvia Sardi - identificou em 2015 o Zika Vírus no Brasil. No início de fevereiro, Gúbio descobriu uma forma de reduzir o tempo de diagnóstico do coronavírus de 48 para três horas por meio de um equipamento chamado Real Timer.
O professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) atende de médicos a colegas e jornalista desde que, na última quarta-feira (26), o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil. A Bahia investiga cinco casos suspeitos até as 17h desta sexta (28), segundo a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab).
"O problema é que se criou um pânico exagerado e desnecessário", opinou. 
No Laboratório de Virologia da Ufba, onde recebeu a reportagem, Gúbio disse que o calor de Salvador deve impedir a circulação do vírus por aqui. Naquele espaço, a temperatura é mantida a 19 ºC para evitar que, mesmo dentro de freezers, a troca de calor aniquile os vírus. Um dia antes de nos receber, a Organização Mundial da Saúde (OMS)  elevou o risco de epidemia do coronavírus no mundo para "muito alto" - a taxa de mortalidade é de 3,4% na China e de 1,5% nos demais países. 
"O calor atinge as proteínas que protegem o material genético do vírus", explicou. 
A principal preocupação do pesquisador, agora, é de que a atenção para o coronavírus - que ele chama de "gripe forte" durante a entrevista - cause um surto de dengue, causada por outro vírus - flavivírus. "Estamos focando só no coronavírus e esquecendo da dengue", disse.

Nenhum comentário