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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Candidatura transgênica

Este ano teremos eleições municipais. E junto com elas teremos toda uma quantidade extra de candidatos que não necessariamente estão concorrendo a uma vaga de vereador ou à cadeira de prefeito. Infelizmente.
Em parte, este problema se deve à própria estrutura do processo eleitoral no Brasil, que prevê eleições a cada dois anos. Uma eleição vai “emendando” com a outra, de modo que não é difícil vermos uma mesma pessoas aparecendo na telinha dois anos seguidos, sendo eternamente candidato.
Em 2012, teremos então, primeiramente, os até já conhecidos candidatos que vão “bater esteira” para outros. A esses candidatos - que na prática não concorrem a nada – fica reservado o papel de contribuir com a quantidade de votos para que o partido ou a coligação alcance o coei ciente eleitoral. E assim consiga uma ou mais vagas no Legislativo. Mas, além dos candidatos “bate esteira”, há um outro tipo que vai aparecer nesta eleição supostamente concorrendo à prefeitura mas que – na realidade – está é sim já antecipando sua candidatura à reeleição, em 2014.
E como funciona? O rapaz é deputado, se candidata a prefeito, concorre, aparece na telinha em posição de destaque levando as ideias de seu partido; e perde. É claro que vai perder. Desde o início todos sabem.
Mas há ganhos previstos e já estruturados para compensar a perda. O primeiro deles é caso ocorra um segundo turno. O candidato derrotado habilita o partido a participar de uma nova aliança que garantirá à legenda umas cadeirinhas na possível administração da chapa vitoriosa.
Nesse caso, o processo se dá como num investimento, como numa mesa de poker, que se forma e que, ao final, o ganhador compartilha os ganhos com aqueles que lhe ajudaram a depenar o pato da vez. O segundo ganho previsto é lucro para o partido mas é muito mais para o candidato em si. Um parlamentar que não tenha se saído bem na eleição para o Legislativo, por exemplo. Não se saiu bem, mas se elegeu. Por via das dúvidas, com uma eleição passando no meio, o parlamentar não brinca em serviço e se candidata.
Assim surge o “candidato transgênico”, que parece concorrer a uma coisa, mas que na verdade está concorrendo a outra, a uma eleição que ainda virá. Ou seja, o eleitor pensa que está votando para prefeito e o defende para este cargo, mas na realidade está trabalhando para uma eleição que ainda nem começou. E votando em alguém que não está concorrendo com ninguém naquele momento, passando a perna em candidatos que ainda vão surgir. E que, se brincar, até creem nas boas intenções do rapaz.
POR:  Da Coluna Roda Viva – Cassiano Arruda

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