O DESPERTAR PARA A CIDADANIA!

Parece estar ocorrendo uma revolução em nosso País. Multidões de pessoas, a maioria esmagadora de jovens, estão tomando as ruas para protestar. Tudo começou em Natal/RN, quando os estudantes da capital do RN foram às ruas manifestar-se contra o aumento das passagens dos ônibus.  Essas multidões já não protestam somente contra o aumento das tarifas de transporte público, mas reivindicam um serviço de qualidade, pois afinal por que pagamos tão caro pelo transporte e por que milhões de pessoas Brasil afora são literalmente espremidas, dentro de ônibus e metrôs? O aperto, a agonia de se deslocar de casa para o trabalho nos grandes centos, da forma mais incômoda possível, contrasta com o lucro fabuloso, espetacular, dos empresários de transportes.

Protesta-se, também, contra a corrupção e contra o uso de dinheiro público no patrocínio de grandes eventos esportivos, como a vigente Copa das Confederações e a Copa do mundo que está por vir e seus gastos bilionários de dinheiro, na construções de monumentais estádios de futebol, muitos deles que logo logo se tornarão nos mais completos Elefantes Brancos.

E de fato, qualquer pessoa da mais mediana inteligência, ao se deparar com os cálculos de bilhões de dólares, ou reais, que estão sendo despejados nos estádios, favorecendo grandes empreiteiras, vai se assustar e se revoltar com uma constatação bastante óbvia: por que essa dinheirama não foi investida na saúde pública, que vive na UTI, e na educação, que teve grandes avanços, mais precisa melhorar muito mais?

Existe, claro, um elemento tecnológico nessa surpreendente onda de protestos: a rede mundial de computadores, mais conhecida como internet, e suas redes sociais. Quase que na velocidade de um pensamento, as pessoas se comunicam, armam estratégias, analisam posturas ideológicas de partidos , políticos e governos, e se mobilizam para uma caminhada nas ruas.

Os governos, federal, estadual e municipal, ainda atônitos com o que está acontecendo, tomam diferentes atitudes. Uns recomendam o rigor policial na repressão, e o tiro sai pela culatra: quanto mais repressão, mais protestos.

A mídia, também surpresa com o nascimento dessa revolução, evita a palavra protesto, o adjetivo “protestante”, talvez para não confundir com o movimento religioso do século XVI, e prefere as expressões “manifestação”,  “manifestantes”.

Há, também, nessas manifestações, aproveitadores que partem para os atos de vandalismo, destruindo o patrimônio público, que é de todos nós, e apagando um pouco o brilho do verdadeiro exercício da cidadania. É isso. Parece que o Brasil não está mais “deitado eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz de um céu profundo”.

Antonio Carlos do Nascimento : Advogado