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segunda-feira, 7 de março de 2016

Com sistema político apodrecido, Lula continuará sendo um candidato possível, diz historiador

(Foto: AFP): Lula foi levado coercitivamente para depor na última sexta-feira
Apesar de toda exposição negativa que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu partido vêm sofrendo, devido às denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras e as maiores empreiteiras do país, ambos permanecem sendo "atores de primeira grandeza no jogo político nacional", avalia o historiador Daniel Aarão Reis, um dos fundadores do PT que se tornou seu crítico.
Em entrevista à BBC Brasil concedida na sexta-feira, após a ação da Polícia Federal contra o ex-presidente, Aarão previu um futuro difícil para o PT, mas disse que não o vê morto.
Na sua visão, Lula e seu partido "continuam ancorados em vastas camadas populares, reconhecidas pelos ganhos materiais e simbólicos conquistados ao longo dos mandatos petistas".
Para ele, "o sistema político brasileiro está apodrecido" e, dentro desse contexto, o ex-presidente permanece um candidato viável.
"É um sistema que acoberta e incentiva a corrupção. É preciso reformá-lo em profundidade. (...) Se isto não acontecer, Lula continuará sendo um candidato possível."
Professor do curso de História da UFF (Universidade Federal Fluminense), Aarão chegou a presidir o PT do Rio de Janeiro nos anos 90, mas se desfiliou da legenda ainda antes do escândalo do mensalão, por discordar dos rumos do partido.

Ele nota que as denúncias de corrupção começaram nos anos 90, principalmente em prefeituras que o PT conquistou no interior de São Paulo – mas foram abafadas pela corrente majoritária do partido, liderada por Lula.
Para o ex-militante petista, não há como eximir a presidente Dilma Rousseff e seu antecessor do esquema de desvios da Petrobras: "A dimensão da corrupção é surpreendente. Lula e Dilma são obviamente responsáveis por este descalabro. (...) Se sabiam ou não, é completamente irrelevante. Eles são responsáveis. Fugir disso é como ocultar o sol com uma peneira".

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