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segunda-feira, 11 de abril de 2016

O day after do Brasil será na rua, por Saul Leblon


Da Carta Maior
O day after do Brasil será na rua
O capítulo decisivo após a votação do impeachment será na rua, onde a onda progressista cresce, e na corrida para 2018, que Lula lidera.
Saul Leblon
Seja qual for o placar da Câmara no domingo, 17, o day after da votação não inaugurará uma nova hegemonia com força e consentimento para repactuar as linhas mestras da sociedade e do desenvolvimento brasileiros.
Ao contrário.
Provavelmente apertado, o resultado reafirmará a natureza do impasse histórico em que se encontra o país.
Assiste-se a uma ofensiva sem volta de uma parte da elite brasileira –com seus elos internacionais-- para derrubar o governo da Presidenta Dilma Rousseff e promover uma restauração neoliberal na oitava maior economia do planeta e principal referência da luta pelo desenvolvimento no mundo ocidental.
Se perder a sua aposta parlamentar, o golpe não desistirá.
Acionará outras modalidades com o mesmo objetivo, por uma razão bastante forte.
O conservadorismo simplesmente não dispõe de uma opção eleitoral capaz de derrotar o PT nas urnas e implantar o lacto purga de ‘livre mercado’ que preconiza para substituir o ciclo de expansão vivido desde 2004.
Nem mesmo o fuzilamento diuturno de Dilma, Lula e do PT desde a vitória presidencial de 2014 conseguiu atenuar essa limitação conservadora.
São robustas as chances de um novo revés em 2018.
Foi isso que o Datafolha alertou neste domingo –talvez com a deliberada intenção de acelerar o pacto golpista, mas escondido do leitor no pé da pág. 8.
Ali se acoberta uma singela notícia para um momento como o atual.
Lula lidera a corrida para 2018 em três de quatro cenários testados e empata com Marina num quarto.
Mais que isso.
Sob perseguição explícita do aparato judicial e midiático, refém de manipulações grosseiras e vazamentos seletivos, seu índice cativo de melhor presidente da história saltou para 40% em 20 dias (era 35% na pesquisa anterior, de março).
Sob massacre ininterrupto, ainda assim sua taxa de rejeição caiu de 57% para 53%, enquanto a dos rivais subiu, puxada pela de Aécio, que saltou 10 pontos, a de Temer (seis pontos) e a de Marina (cinco pontos).
O veículo dos Frias naturalmente omitiu interações que exigiriam cogitar um clima de virada no ambiente político, mas o fato é que a taxa de apoio ao impeachment de Dilma também caiu neste último Datafolha.
E não na margem de erro.
Em 20 dias de intenso fogo midiático contra a Presidenta, o apoio ao impeachment recuou expressivos sete pontos (61% x 68%).
É tão disfuncional para a linha da Folha que seus editores acharam por bem escondê-la.
O que teria levado a essa reversão a uma semana do voto decisivo?
A explicação ajuda a entender porque o conservadorismo foge da urna como o diabo da cruz.
O que mudou nos últimos 20 dias é que Dilma foi à luta.
A Presidenta despiu a tecnocrata e se assumiu líder de um governo sob cerco golpista.-
As cerimonias no Planalto deram centralidade aos movimentos sociais.
Abriu-se a agenda para atos políticos que de outra forma seriam sabotados pela mídia, como o encontro dos artistas, o dos intelectuais e o recente, com movimentos de mulheres.
Mais que isso.
Lula voltou às ruas.
Ao contrário do que muitos alardeavam, e alguns temiam, encontrou empolgante receptividade desde a apoteótica manifestação do dia 18, em São Paulo.
Para onde iriam as atuais taxas de rejeição do ex-presidente, em uma disputa eleitoral em que eventos como esses repetir-se-iam diariamente, sendo repercutidos no horário eleitoral para todo o país?
A resposta qualitativa sugere que para toda uma geração do PSDB, de Serra a Alckmin, passando por Aécio e Richa, a chegada ao poder passa pela caça a Lula e depende do êxito de um golpe de Estado.
Novas e velhas gerações progressistas e democráticas, ao contrário, reaprenderam no ascendente ciclo de mobilizações dos últimos 20 dias, que o governo tem base social disposta a defende-lo; e que a rua pode engasgar o golpe mesmo com o dispositivo midiático e o aparelho judiciário ao seu dispor.
Em resumo: se vencer dia 17, o golpismo enfrentará uma crescente, tenaz e diversificada resistência de partidos, movimentos sociais, sindicatos, intelectuais, artistas e classe média democrática.
É apenas um pálido retrato do que pode ocorrer.

http://jornalggn.com.br/noticia/o-day-after-do-brasil-sera-na-rua-por-saul-leblon
 

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