Cotada para disputar um mandato de deputada estadual nas eleições de 2018, a empresária Priscila Müller, criadora do movimento político “Eu sou do RN inteiro”, recebeu diversos convites para filiação ao longo da última semana. Ela revela que mantém “conversas”, mas que ainda não definiu qual será o seu destino político.
Na semana passada, Priscila recebeu um comunicado do deputado estadual Kelps Lima, presidente do Diretório do Solidariedade no Rio Grande do Norte, de que não poderá disputar a eleição do ano que vem pelo partido, já que seu irmão, o prefeito de Caiçara do Rio do Vento, Felipe Müller (PMDB), o “Felipinho”, continua filiado a outra legenda.
À reportagem do Portal Agora RN/Agora Jornal, a empresária disse ter estranhado a postura do deputado. “Ele foi bem brusco. No domingo [dia 12], eu recebi uma mensagem dele pelo WhatsApp comentando sobre o fato de meu irmão continuar no PMDB e que isso estava atrapalhando o projeto. Acontece que, ao longo desses últimos cinco meses, isso não tinha sido comentado. O nome dele nem havia sido lembrado. Foi uma situação bem atípica e inesperada. Mesmo assim, eu pedi o prazo de uma semana para conversar com o meu irmão. Mas no feriado [dia 15] ele disse que estava vendo que a filiação não ia acontecer e me removeu do grupo”, conta Priscila.
Indignada com o gesto do deputado, Priscila critica tanto a decisão de Kelps quanto o fato de o comunicado ter acontecido por meio do aplicativo de mensagens. “Eu perguntei para ele: ‘teve alguma reunião da executiva’? ‘Motivos familiares e pessoais meus fazem com que eu não possa ser pré-candidata da legenda’? ‘Essa é a política nova que você quer construir’? Quando ele me convidou para ser candidata, bateu na minha porta. E agora está me retirando pelo WhatsApp”, completa.
Diante da situação, a empresária afirma ter relatado a Kelps Lima que estava se sentindo “discriminada” e “perseguida”. “Ele disse: ‘você pode se sentir como quiser’. E eu falei para ele: ‘é, mas você não é o dono do partido, é o atual presidente’”, reclama Priscila, que desconfia que a não filiação de seu irmão ao Solidariedade não foi a real motivação para a medida adotada pelo parlamentar. “O motivo real só ele sabe, mas ele não teve a coragem de dizer. Faltou coragem para ele ter uma conversa franca e sincera”, acrescentou.
TRAJETÓRIA
Natural do município de Taquara, no Rio Grande do Sul, Priscila Müller mora no Rio Grande do Norte há 23 anos. Há 18 anos, ela é uma das administradoras da empresa Águia Piscinas. Seu pai, Felipe Müller (SD), o “Felipão”, já foi prefeito de Caiçara do Rio do Vento, onde seu irmão, Felipinho, é o atual prefeito.
Apesar de ter nascido em uma família de políticos, Priscila conta nunca ter tido o desejo de ingressar na política partidária – até que a política “entrou na sua vida”. “Eu sempre fui dos negócios, nunca subi em um palanque. Nunca tive o desejo político. Mas nos últimos anos, tive problemas na minha empresa por causa da instabilidade política. Eu tinha conseguido posicionar a minha vida alheia à política, mas ela começou a invadir a minha vida”, destaca.
Neste sentido, ela criou o movimento político “Eu sou do RN inteiro” – segundo ela, um projeto “colaborativo e compartilhado” por outras pessoas, algumas da política, outras não. “Compartilhamos ideias e criamos em grupo. A gente acredita no poder descentralizado. Precisamos mudar a forma como tomamos as decisões hoje. Mais pessoas precisam participar deste projeto”, frisa.
Ela registra que a essência do “Eu sou do RN inteiro” é resgatar a “unidade” do estado. “Somos mais que o Potengi, o Alto Oeste, o Seridó ou o Mato Grande, por exemplo. As pessoas não têm mais amor pelo estado, que está falido. A gente tem que ser do Rio Grande do Norte, e não apenas de uma região. Precisamos resgatar a unidade do estado”, pontua.
O movimento tem ganhado corpo e, pelas redes sociais, Priscila tem amealhado seguidores. O fortalecimento do projeto tem feito com que a empresária tenha o nome cogitado como uma das “surpresas” da eleição do ano que vem para a Assembleia Legislativa.
OUTRO LADO
A reportagem entrou em contato com o presidente estadual do Solidariedade, Kelps Lima, e pediu para que o deputado estadual comentasse a polêmica, mas o parlamentar disse que preferia não se manifestar sobre o assunto.
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