Iván Márquez diz que a decisão foi tomada porque o governo não respeitou o acordo de paz assinado há três anos. Farc, que se tornou partido político, nega retomada do conflito armado.
A leitura do manifesto “Enquanto houver vontade de lutar, haverá esperança de vencer” foi postado em um canal do YouTube. Márquez, vestido de verde militar e com uma arma na cintura, está acompanhado por outro ex-comandante das Farc Jesus Santrich, que está foragido da Justiça.
"Anunciamos ao mundo que a segunda Marquetalia [berço histórico da rebelião armada] começou sob proteção do direito universal que ajuda todos os povos do mundo a se levantarem contra a opressão ".
Márquez, que foi um dos principais negociadores do acordo de paz, afirma que a decisão de voltar às armas "é a continuação da luta de guerrilha em resposta à traição do Estado ao acordo de paz [de 2016]". Ele ainda diz que o grupo buscará alianças com a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN) e não usará pedidos de resgate [de pessoas sequestradas] como fonte de financiamento.
Fontes de segurança disseram à Reuters que a força comandada por Márquez poderia atingir reunir 2,2 mil combatentes.
Márquez perdeu o mandato como senador por não ter tomado posse. Seu paradeiro era desconhecido desde o ano passado, quando o seu sobrinho foi preso e levado para os Estados Unidos para cooperar com investigadores do narcotráfico. Ele alegou que faltavam garantias do governo para que pudesse viver em sociedade com segurança.Santrich é acusado pelo governo americano de planejar o envio de 10 toneladas de cocaína ao país após a assinatura do acordo de paz com a Colômbia.
Farc nega volta ao conflito armado
Após a divulgação do vídeo, o ex-comandante da guerrilha, das Farc Rodrigo Londoño, conhecido como Timochenko, negou a retomada da luta armada.
"A grande maioria continua comprometida com o acordo, apesar de todas as dificuldades e perigos. Estamos com a paz", disse Timochenko no Twitter. Ele é atualmente um líder da Força Comum Alternativa Revolucionária, o partido político das Farc nascido do acordo de paz.
O ex-líder guerrilheiro Carlos Antonio Lozada, que atualmente é senador, considerou a iniciativa um equívoco. "Devemos dizer à base da guerrilha que o caminho é o da paz, estamos convencidos de que todos os dias há mais colombianos que querem a paz. Sabemos que não é um caminho fácil".
Por outro lado, o líder de uma das frentes mais ativas do ELN no departamento do Chocó, no oeste da Colômbia, saudou a iniciativa.
"Quando as vias legais estão fechadas para as transformações profundas a resistência armada para transformar essa realidade é uma alternativa válida. Saudamos o pronunciamento de Iván Márquez, Jesús Santrich, El Paisa e outros colegas que reintegram essa forma de resistência popular", disse Uriel em um vídeo divulgado nas redes sociais.
O alto comissário para a paz do governo colombiano, Miguel Ceballos, considerou preocupante, mas não surpreendente, o anúncio de líderes rebeldes que deixaram o acordo de paz para retomar a luta armada.
"Não há surpresa para o governo nacional. Infelizmente essas pessoas já haviam deixado claro, com seu comportamento, que dariam as costas ao acordo de paz", disse Ceballos em entrevista à Blu Radio.
No entanto, ele enfatizou, "é um anúncio muito perturbador".
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