Por Marcus Sodré
Por que vender muito para os nossos atuais maiores compradores nos causa efeitos colaterais?
Para encontrar o fio da meada é preciso entender que o Brasil sofre de uma doença econômica crônica que não pode ser curada a curto prazo, apesar dos esforços e dos avanços formidáveis do governo Bolsonaro. Mesmo com prognósticos muito favoráveis para um futuro a médio ou longo prazo, vivemos em um estado de consequência de décadas de pilhagem tributária e perversa burocracia, onde os amigos dos reis sempre gozaram de privilégios e monopólios e o resto do setor primário de produção mal consegue manter-se vivo com muito esforço e perseverança. Naturalmente, qualquer demanda de compras pagas em dólares ou euros é muito sedutora num país que oferece para a exportação vantagens extremamente generosas quando comparadas às condições que estrangulam o produtor que fornece para varejo. Nessa situação, as indústrias do setor alimentício por exemplo, não são suficientes para proporcionar um equilíbrio orgânico no mercado interno diante de uma grande febre de saída do produto nacional. num ambiente quase que completamente ocupado por grandes cartéis (lembram de uma coisa chamada JBS?).
Exemplo cristalino desse quadro são os setores pecuário e de beneficiamento de proteínas brasileiros, que pelas vantagens tributárias e monetárias do comércio de exportação, fornecem quase toda a sua capacidade de produção aos clientes estrangeiros, especialmente à China, causando assim crise com as nefastas consequências de inflação e pouco abastecimento nos nossos supermercados. Esse paradoxo leva a um inequívoco diagnóstico de anomalia econômica, pois o crescimento das exportações e a aquisição de divisas deveriam trazer somente benefícios para o país, tal como acontece nas nações cujo desenvolvimento segue o curso normal do progresso humano, onde todos os dias empreendedores iniciam novos negócios com facilidade e grandes incentivos de seus governos. Esse é o caminho tão sonhado pelo Presidente que elegemos, no qual muitas pedras de tropeço são lançadas por um abominável establishment alimentador de parasitas.
Em contraste com essa nossa velha situação, é inevitável citar os EUA como exemplo histórico, com sua abundância de produção, proporcionada por uma política leve, de grande autonomia para o setor produtivo, verdadeiro estímulo ao entrepreneurship, adotada e mantida principalmente pelos governos republicanos que passaram pela Casa Branca. Ou seja, o melhor estímulo é a garantia de que o governo não vai se meter para atrapalhar os seus negócios e nem favorecer o seu concorrente. Nessas condições, a corrida das grandes indústrias para atender uma voraz demanda externa cria ao mesmo tempo um ambiente de oportunidade aos produtores menores para que estes possam ganhar um pouco mais de espaço no fervilhante mercado consumidor interno americano, que é praticamente imune às tempestades do mercado internacional. Maior prova disso foi o fato de que quase todo o parque industrial americano trabalhou intensamente para fornecer uma gigantesca fortuna em insumos para a Europa e Japão no Plano Marshall, e isso em nada afetou o dia-a-dia nas compra do cidadão "yankee".
O sonho verde amarelo de atingir esse patamar de prosperidade respira pela primeira vez na história ares de esperança real, na medida em que o atual governo consiga superar e enterrar perniciosos paradigmas político-econômicos consagrados em leis infectadas de marxismo cultural e de positivismo. Somente assim o país terá uma inédita experiência de elevação do padrão de vida a um nível digno de seres humanos, e não de escravos, o que só se poderá alcançar através da plena liberdade econômica.
Mas neste momento, o que se poderia fazer para aliviar o impacto que o salto do preço da carne e a falta de produtos causam ao tão precioso bife no prato do brasileiro? Esperamos do Paulo Guedes êxito em seu trabalho para mostrar que hoje vale a pena ser produtor no Brasil e também convencer o produtor brasileiro de que mais vale vender para seus compatriotas do que para longínquos saqueadores.
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