A cantora e apresentadora Xuxa Meneghel voltou a falar dos episódios de abuso sexual que sofreu na infância e parte da adolescência, revelação que ela tornou pública em 2012, durante uma campanha de conscientização. Desta vez, a artista escreveu detalhes dolorosos sobre experiências e traumas em sua coluna na Vogue Brasil.
De acordo com ela, a primeira violência que sofreu foi ainda aos 4 anos de idade. “Por que eu fui a escolhida? Não sei, mas me lembro de um cheiro de álcool de alguém, uma barba que machucou o meu rosto e algo que foi colocado na minha boca. Acordei dizendo que alguém tinha feito xixi na minha boca e meus irmãos disseram que eu tinha sonhado”, disse.
Xuxa diz ter poucas lembranças dessa experiência, mas pouco tempo depois existiram outras. Na coluna, ela ainda menciona que todos os abusos que sofreu foram cometidos por pessoas de confiança da família: o melhor amigo do pai, o ex-marido da avó e, mais tarde, um professor da escola.
“Me lembro que andávamos de Kombi… Nós crianças íamos atrás. Eu tinha 5 ou 6 anos e os mais velhos eram pré-adolescentes, primos de segundo grau e amigos muito próximos da família. Sentia tocarem em mim, colocavam o dedo, doía, não sabia distinguir o que sentia. Por isso não chorava e nem reclamava com ninguém”, recorda. Em outros trechos, a artista fala sobre culpa: “Eu me sentia culpada apenas por existir”.
Quanto ao abuso cometido pelo professor, aos 11 anos, Xuxa diz que foi o único caso em que contou para a família, sendo transferida de colégio em seguida. “Ele mandou que eu fosse ao quadro para escrever alguma coisa antes que os outros alunos da sala entrassem”, conta. “Eu escrevi o que ele queria e vi que ele se tocava embaixo da mesa, usava uma calça quadriculada e se mexia muito, não entendia muito bem o que ele tava fazendo… Foi aí que o ouvi gemer e depois se limpar”.
Abusos geram traumas na vida adulta
A artista também conta que, ainda hoje, a violência que sofreu deixa sequelas, como mania de limpeza. “Tomo de 3 a 4 banhos por dia”, diz. Ela também acrescenta sobre a interferência do trauma na sua profissão. “tenho vontade de estar com crianças pois elas não me fariam nenhum mal – isso é coisa de adulto”.
Ao descrever os episódios como “o mais difícil que já viveu em 56 anos”, ela reforça a importância sobre a conscientização e alerta sobre o abuso sexual infantil, que pode ser cometido por pessoas muito próximas e passar anos em segredo. “Hoje, quero emprestar minha voz em campanhas paras crianças que não falam, não gritam e choram sozinhas. Eu preciso fazer isso por elas, já que não fiz por mim”.
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