Eu posso repudiar Hitler, mas você que é comunista, não!
Por Pedro Henrique Alves, publicado pelo Instituto Liberal
“O meu diagnóstico… Você quer? Uma mistura de prisão e jardim de infância, isso é o socialismo que conhecemos. O socialismo soviético. O homem entregava ao Estado a alma, a consciência, o coração, e em troca recebia uma ração. Uns tinham mais sorte, recebiam uma ração maior, outros ganhavam uma ração menor. No final das contas dava no mesmo, todos davam em troca a sua alma” (ALEKSIÉVITCH, 2016, p. 195)
Ninguém, em sã consciência, nega o Holocausto, Holodomor, os fuzilamentos cubanos, os campos de trabalho de Pol Pot, os gulags soviéticos, o acordo entre fascistas e nazistas que enchiam vagões de pessoas para os fornos de Hitler. Enfim, ninguém mentalmente equilibrado nega a veracidade dos genocídios que, ainda hoje, envergonham, fedem e mancham a nossa história recente. A não ser, é claro, que você tenha vendido a sua alma para alguma ideologia, já tenha se batizado na religião política do momento e, assim, perdido a consciência moral para os dogmas do aglomerado.
Por mais assustador que seja, realmente há uma massa cinzenta de seres humanos inaptos que não só negam tais genocídios como saúdam os seus líderes. Por exemplo, um historiador e blogueiro de esquerda ― isso mesmo, HISTORIADOR ―, Jones Manuel, em sua conta no Twitter, negou que tenha existido o genocídio Holodomor. Para quem não sabe, Holodomor foi o genocídio orquestrado e efetivado diretamente por Stálin na Ucrânia, entre 1932 e 1933 ― porém, as consequências do genocídio foram muito além desses dois anos, como veremos. Estima-se que o número de pessoas mortas ultrapassaram os 10 milhões ― segundo números oficiais da Ucrânia, 3,9 milhões de pessoas morreram diretamente por inanição, e mais 6,1 milhões nos anos seguintes em decorrência dos atos perpetrados naqueles 2 anos. A realidade é abissal e profundamente perturbadora: em 6 anos de ação direta ou indireta do comunismo soviético na Ucrânia, matou-se mais do que o holocausto em 12 anos de governo nazista. Cabe salientar que a comparação não tem outro sentido a não ser o do mero espanto frente à capacidade genocida do comunismo soviético. De maneira alguma pretende-se minorar o horror nazista ― até mesmo porque seria impossível fazê-lo. Para saber mais, indico a excelente e elementar obra de Anne Applebaum: A fome vermelha: A guerra de Stalin na Ucrânia.
Na mesma esteira de idiotices de Jones, outra historiadora, Talíria Petrone, que também é deputada federal pelo PSOL ― olha que surpresa ―, saudou a memória do tirano Lênin em seu Twitter. O homem responsável pelo “start” no regime mais sanguinário da história humana ― junto à Revolução Chinesa de Mao Tsé ―, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, se torna digno de saudades e reverências de uma HISTORIADORA.
Fato é que, a partir de Lênin, contabilizam-se ao menos 100 milhões de mortos. Foi a Revolução Russa de 1917 ― revolução que Lênin liderou e o perpetrou tirano mor da Rússia comunista― que deu origem à URSS em 1922 e às demais revoluções comunistas ao redor do globo. Ainda que um regime comunista ou outro não manifestassem adesão total aos bolcheviques, todos eles reverenciavam a derrocada proletária de 1917 de alguma maneira. O comunismo transformou a política em “uma intoxicação absoluta de consciência moral”, uma política que “destrói em nome da utopia categorias inteiras de pessoas” (BESANÇON, 2000, p. 57).
Estima-se que entre 28 a 30 mil pessoas, entre 1917 e 1922, foram assassinadas por motivações políticas sob a tutela de Lênin; sequer me aprofundarei na Revolta de Kronstadt, episódio em que Lênin ordenou o assassinato de 10 mil camponeses que não aceitaram as imposições da polícia revolucionária bolchevique ― foram 10 mil mortos em 10 dias.
Somente isso já demonstraria, a mentes sãs, a tendência totalitária do PSOL e de seus adeptos ― PSOL esse que também saudou Lênin no Twitter. Todas essas saudações e adulações desnudam a mentalidade ralé, religiosa e cega em que nossos historiadores estão sendo formados na universidade; a panfletagem comunista está a todo vapor. “Todo um corpo especializado no falso produz falsos jornalistas, falsos historiadores, uma falsa literatura, uma falsa arte que finge refletir fotograficamente uma realidade fictícia” (BESANÇON, 2000, p. 58-59). Negar fatos que se provam através de sobreviventes que ainda hoje podem ser encontrados para um café, que se confirmam através de fotos, vídeos, documentos, relatos de primeira ordem, ou com a simples e tortuosa visita aos malditos lugares onde as barbáries ocorreram, é loucura pura e simples. O princípio mesmo da demência é a negação da realidade e dos fatos e, no Brasil, essa mesma demência aplicada à política e à história virou patente intelectual e chancela moral.
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