Briga entre Fátima e Robinson começou com Fábio Faria em Brasília
Confira a matéria de Diógenes Dantas sobre o meio-rompimento entre Fátima Bezerra e Robinson Faria:
No meu comentário da última quinta-feira (15), eu terminei o texto com uma pergunta provocante:
É o fim da aliança política [entre Fátima Bezerra e Robinson Faria]?
Eu registrava o clima horrível da última reunião da bancada federal para definir as emendas ao Orçamento da União.
Entre várias notícias desagradáveis [corte de recursos para a barragem Oiticica e o comentário de Joaquim Levy a favor do hub da TAM em Fortaleza], os parlamentares se depararam com a cara feia da senadora Fátima para cima do governador Robinson Faria e do filho dele, deputado federal Fábio Faria.
O motivo foi a troca de guarda na superintendência local da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos). A mudança ocorreu há cerca de um mês.
Fábio Faria, com todo seu prestígio junto ao ministro das Cidades, Gilberto Kassab, conseguiu desalojar João Maria Cavalcanti da superintendência, e emplacar o nome de Leonardo Gurgel de Faria Diniz.
A CBTU era a joia da coroa dos cargos federais para Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte. A companhia toca o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), uma das obras milionárias do governo federal no estado.
O grupo da senadora alega que não tinha autonomia na Fundação José Augusto, onde ocupava dois cargos de diretoria – o geral e o adjunto.
Fátima também andava insatisfeita com a exoneração de Maria do Socorro da Silva, que era adjunta na Secretaria da Educação.
Socorro cometeu o sacrilégio de apelar para o governador resolver a greve na Uern (universidade estadual), que já dura quase 150 dias.
Mas o motivo principal foi a troca de comando na CBTU. Fátima Bezerra não perdoa Fábio e Robinson por avançarem no seu reduto federal.
O grupo de Fernando Mineiro permanece alinhado a Robinson Faria, afinal o governador prometeu apoio ao deputado numa eventual candidatura a prefeito da capital.
Mineiro fez questão de dizer ontem que a decisão de entregar os cargos era do grupo de Fátima, e não do dele. Ele garantiu a Robinson que fica.
Mais uma vez os políticos brigam por cargos e verbas. É sempre assim no mundo da política, onde o poder se mede pelos cargos importantes e pelas verbas disponíveis para tocar obras. A ânsia pelo poder alcança todas as legendas do espectro político.
Fátima brigou com Robinson por causa de cargos. Ponto. Atropelada pelo VLT de Fábio Faria, Fátima rompeu com o governador. Se sentiu desprestigiada, passada para trás. Ela se sentia dona do cargo federal. Aliás, os políticos se sentem donos dos cargos federais. Mera ilusão.
A meu ver, a senadora do PT antecipa o movimento que reservava para mais adiante. Não há dúvida de que ela vai concorrer ao governo do estado em 2018.
Com a decisão de romper com Robinson nesse instante, ela começa a marcar suas diferenças com o governador que ajudou a eleger.
Sem Fátima talvez Robinson não estivesse eleito. Sem Robinson talvez Fátima nem fosse candidata.
Agora, os dois seguem caminhos opostos com forte carga de ressentimento.
A reunião da bancada federal hoje (20) em Brasília para discutir o orçamento, no gabinete de Felipe Maia, vai ser interessante.
O clima não deve ser dos melhores.
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