HÁ, ESTA NÃO! “Ninguém vai ficar na miséria se cortar um pouco do Bolsa Família”
No Paraná, ele é aliado do governador Beto Richa, do PSDB. Em Brasília, da presidenta Dilma Rousseff, do PT. Nesta semana, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) conseguiu desagradar os dois lados. Tanto petistas quanto tucanos reclamaram da decisão dele de, como relator do Orçamento geral da União, cortar 10 bilhões de reais do programa Bolsa Família para o ano que vem. A quantia representa 35% do total previsto para ser gasto com o programa e, até então, tinha sido preservado pela equipe econômica de qualquer redução. O Bolsa Família atende 14 milhões de famílias, ou aproximadamente 50 milhões de pessoas, cerca de metade delas crianças e adolescentes. Neste ano, paga um valor médio de R$ 163,57 por família, e entre os critérios para receber está a renda per capita. Barros diz que o corte não vai deixar "ninguém na miséria", mas Governo e especialistas afirmam que a redução pode ter impacto no índice de pobreza extrema.
Esse corte proposto ainda não é definitivo. Depende das aprovações na Comissão Mista do Orçamento no Congresso Nacional e do plenário em uma sessão conjunta entre deputados e senadores. Além disso, o Governo ainda pode sugerir mudanças na peça orçamentária antes de seu julgamento. Mesmo assim, só a ameaça já foi capaz de assustar vários políticos.A própria presidenta usou sua conta no Twitter para dizer que o Bolsa Família é prioridade para o seu Governo e cortá-lo seria um atentado contra 50 milhões de brasileiros. O programa de transferência de renda é um dos principais
Na Câmara, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) disse que a oposição vai repelir com firmeza essa manobra, que ele diz ser de Rousseff. “Essa é mais uma demonstração de que Dilma promete uma coisa e orienta sua base para fazer outra completamente diferente”.
Na entrevista concedida ao EL PAÍS, Barros afirma que seu principal objetivo é equilibrar o Orçamento e evitar que 2016 termine com um déficit de 60 bilhões de reais, como foi previsto inicialmente pelos ministérios do Planejamento e da Fazenda. Sugere ter entrado num tema tão controverso como medida de pressão: "Fico feliz que a presidente tenha se sensibilizado com isso porque talvez a mensagem modificativa que venha do Orçamento venha com os dados equilibrados e me poupe de fazer esses cortes."
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