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Delação da Odebrecht indica total de R$ 88 milhões em pagamentos a políticos

A Odebrecht gastou pelo menos R$ 88 milhões em propina, caixa dois e doações legais para campanhas de 48 políticos entre 2006 e 2014.
É o que mostra um levantamento feito pela Folha, com base na delação premiada não homologada do ex-executivo da construtora Cláudio Melo Filho.
De acordo com relato do ex-executivo, que era um dos principais lobistas da Odebrecht em Brasília, a empreiteira pagou R$ 28,5 milhões em propina em troca de emendas favoráveis aos negócios em medidas provisórias, liberação de recursos por parte do governo e outras ajudas no Congresso.
A maior parte desse dinheiro, R$ 27,3 milhões, saiu do caixa dois da empresa.
Somente R$ 9,7 milhões do total foram, segundo o que é possível concluir da delação de Melo Filho, doados oficialmente para campanhas, com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O partido que mais dinheiro que recebeu para atender os interesses da empreiteira foi o PMDB, partido do presidente Michel Temer.
No total, entre propina e contribuições eleitorais, deputados e senadores da legenda receberam cerca de R$ 51 milhões da Odebrecht.
O segundo mais agraciado, segundo levantamento da Folha, foi o PT, partido dos ex-presidentes Lula e Dilma Roousseff, com aproximadamente R$ 22 milhões.
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Romero Jucá (PMDB-RR) e Jaques Wagner (PT-BA) foram os responsáveis por pedidos e recebimentos mais vultosos. A Odebrecht atendeu o peemedebista e o petista com mais cerca de R$ 20 milhões cada um.
Os valores, conforme a delação diz, eram muitas vezes divididos com outros parlamentares. Os dois políticos cumpriram papel de funcionários da empresa, trabalhando dedicadamente aos assuntos que a interessavam.
Entre os serviços prestados estavam pendências resolvidas por Wagner na Bahia e emendas de vários tipos no Senado. Jucá fazia a relação com outros políticos do PMDB, dando orientações sobre o que deveriam fazer.
O DEM, partido do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também recebeu dinheiro da Odebrecht, assim como o PSDB, do chanceler José Serra.
Cada uma das legendas recebeu cerca de R$ 2,8 milhões, de acordo com os dados organizados pela reportagem.
Melo Filho delatou ainda que a construtora deu um relógio luxuoso de presente para Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e dois para Jaques Wagner. A soma dos agrados ao ex-ministro é de US$ 49 mil, cerca de R$ 165 mil.
Não é possível identificar quais foram os destinos de todas os gastos citados na delação, nem ter certeza de todas as contrapartidas.
O documento de Melo Filho é uma primeira promessa do ex-executivo. A PGR deve aprofundar os detalhes da delação no depoimento.
Folha já revelou outras declarações que estão nos acordos de delações por outros executivos da empresa, como um valor de R$ 23 milhões recebidos por José Serra em conta no exterior e R$ 2 milhões pra Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo, em espécie para campanhas de 2010 e 2014.
Reprodução das informações da Folha de S. Paulo

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