PF descobre ‘testa de ferro’ de Cunha e Cláudia Cruz
A força-tarefa da Lava-Jato identificou um provável “testa de ferro’’ do deputado cassado Eduardo Cunha e de seus familiares para pagamentos em espécie. Trata-se de Sidney Roberto Szabo, que foi presidente do fundo de pensão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).
Segundo documento do Ministério Público Federal, que trata da quebra de sigilo de e-mail de Szabo, ele trocou mensagens com Paulo Lamenza, contador de Cunha, em 2012. As mensagens apontam que ele providenciava dinheiro vivo para Cláudia Cruz, mulher de Cunha.
Segundo o MPF, em mensagem eletrônica trocada entre Sidney Szabo e o contador, em 2013, Szabo busca informações a respeito de nota fiscal a ser emitida em favor de Cláudia Cruz, para que seja gerado um “valor líquido” de R$ 40 mil. Os procuradores acreditam que os dois se referiam a dinheiro em espécie.
Outra mensagem mencionada pelos procuradores foi trocada entre Szabo e Danielle Dytz da Cunha, filha do ex-deputado. Danielle teria solicitado que fossem providenciados pagamentos a pessoas físicas no valor de R$ 79,9 mil. Os procuradores afirmam que os beneficiários teriam atuado na campanha de Cunha para a presidência da Câmara dos Deputados. A quebra do sigilo do endereço eletrônico de Szabo foi determinada pelo juiz Sérgio Moro em 17 de outubro passado.
Eduardo Cunha e Cláudia Cruz respondem a ações na Justiça Federal de Curitiba por terem mantido uma conta secreta na Suíça, onde teriam sido depositados valores de propina de um contrato da Petrobras para exploração de petróleo em Benin, na África. O valor teria sido transferido por João Henriques, apontado pelos procuradores como operador do PMDB.
Os advogados de Eduardo Cunha, Cláudia Cruz e Danielle Cunha foram procurados, mas não se manifestaram até as 19h30m desta sexta-feira. Sidney Szabo não foi localizado pelo GLOBO.
Email criado por funcionário da Câmara
A força-tarefa da Lava-Jato localizou ainda um e-mail que pode ter sido usado pelo ex-deputado Eduardo Cunha para movimentar dinheiro de corrupção no banco Julius Baer, na Suíça. O endereço eletrônico “ctrivoli0987” foi criado em outubro de 2015 por Kayze Nunes Caze, ex-funcionário da Câmara dos Deputados, lotado no gabinete de Cunha. Segundo os procuradores, Caze era bastante próximo ao deputado — os dois trocaram documentos inclusive sobre os processos de investigação de Cunha. Caze deixou o posto em setembro passado.
O e-mail foi criado em nome de “Carlos Trivoli” e usado para movimentar a conta Orion, investigada na Lava-Jato. Na mensagem eletrônica encaminhada a uma funcionária do banco suíço, “Carlos Trivoli” confirma depósitos no valor de 1,3 milhão de francos suíços feitos em 2011. Os procuradores observam que este é justamente o valor da propina que teria sido paga a Cunha pelo contrato de exploração na África. As perfurações nunca chegaram ao petróleo.
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