Renan renuncia à liderança do PMDB e diz que não vai ceder ao governo Temer
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) renunciou nesta quarta-feira (28) à liderança do PMDB no Senado. Em discurso no plenário, o político voltou a criticar o governo Temer, como vinha fazendo há semanas.
“Deixo a liderança do PMDB”, foi a primeira frase do senador. “Procurei exercer [a liderança] com dignidade, sempre orientado pelos objetivos do país”.
Renan disse também que renuncia por não compactuar com as ideias do governo e as reformas propostas pelo poder Executivo. “Não estou disposto a liderar o PMDB atuando contra os trabalhadores e estados mais pobres da Federação”, disse ele. “Não vou ceder a um governo que trata o partido como um departamento do poder Executivo”.
Mais cedo, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), havia afirmado que Renan Calheiros (PMDB-AL) renunciaria porque se “perdeu o ambiente”.
“[Renan] esteve comigo ontem e na conversa que nós tivemos ele me disse que tinha perdido o ambiente de liderar a bancada e achava melhor ir cuidar do mandato”, contou Eunício antes de entrar no plenário nesta quarta. “Por esse motivo ele iria fazer um pronunciamento e na sequência faria uma reunião da bancada para a decisão final, que é da escolha da saída dele e da escolha de um novo líder”, declarou.
Na avaliação de Eunício, a saída de Renan não tem “nada a ver” com o aprofundamento da crise política no país que atinge principalmente o presidente da República Michel Temer desde a revelação da delação de executivos e ex-executivos da JBS, em 17 de maio.
“Pelo contrário, acho que o Renan está tendo a grandeza de pedir para sair exatamente para unificar e harmonizar a bancada”, argumentou.
Na terça-feira, Renan teve um bate-boca ríspido com o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), que o ameaçou de tirá-lo da liderança do partido no Senado caso Renan quisesse votar contra a reforma trabalhista. O alagoano retrucou e disse que se fosse para tirar direitos dos trabalhadores, preferiria deixar a liderança da legenda.
Ao longo das últimas semanas, Renan Calheiros tem feito diversas críticas ao governo Temer. No discurso de ontem, no plenário, acusou o presidente de se render aos desmandos do ex-deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso, e disse que Michel Temer deveria seguir uma sugestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSBD) e renunciar ao mandato.
Cotados para sucessão rejeitam possível indicação
Nesta tarde, com os rumores cada vez mais fortes de que Renan Calheiros renunciaria à liderança do partido no Senado, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) disse que lamentava a decisão, mas ressaltou que a atitude era exclusivamente de cunho pessoal do alagoano.
“Lamento se isso ocorrer. Considero que o Renan é um excelente líder e eu vou lamentar se ele tiver de deixar. Mas é uma decisão. Se dependesse de mim, Renan não sairia da liderança”, afirmou.
O nome de Barbalho estava sendo considerado nos bastidores como um dos cotados para substituir Renan na liderança da sigla. O senador, porém, afirmou que “está fora de cogitação” e que recusará um eventual convite.
Segundo Barbalho, o motivo para as discórdias dentro do partido é o “ambiente” político, sem dar mais detalhes.
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