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Temer planeja campanha e tenta reduzir rejeição para ‘apenas’ 60%

Presidente Michel Temer, de camisa polo preta e calça branca, sentado de pernas cruzadas e braço esquerdo apoiado numa cadeira branca
Na tentativa de recuperar sua imagem, o presidente Michel Temer fará ofensiva publicitária para que não termine o mandato com a “pecha de falcatruas”.
A equipe do presidente planeja uma campanha de marketing, para ser veiculada a partir de março, no esforço de desvincular a figura pública de Temer de denúncias de corrupção e de acusações de irregularidades.
A ideia é rememorar a carreira do emedebista, afirmando que ele não possui contas bancárias no exterior e tem patrimônio compatível com a sua trajetória política.
Isso inclui mostrar detalhes da vida privada do presidente, argumentando que sua família não consome produtos de luxo, não trocou de carro desde que ele assumiu o Palácio do Planalto e que mantém uma vida simples.
Em entrevista à Folha, há duas semanas, o presidente antecipou que pretende se dedicar neste ano à reabilitação de sua imagem, diante do que chamou de uma “tentativa brutal” de desmoralizá-lo.
“Não vou sair da Presidência da República com essa pecha de um sujeito que incorreu em falcatruas”, disse.
“Há uma tentativa brutal de tentar desmoralizar o presidente. Neste ano, vou me dedicar, entre outras reformas, à minha recuperação moral. O que fizeram comigo foi uma coisa desastrosa. Aliás, podem registrar que os meus detratores estão na cadeia. Quem não está na cadeia está desmoralizado. Mas a todo momento qualquer coisa é o presidente da República”, afirmou Temer.
No ano passado, o presidente foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por organização criminosa, corrupção passiva e obstrução judicial. As acusações foram barradas pelo plenário da Câmara.
Ele ainda é investigado pela Polícia Federal em inquérito sobre supostas ilegalidades na edição de um decreto que ampliou o período dos contratos de concessão na área de portos. O presidente nega ter cometido irregularidades.

REJEIÇÃO

Além de tentar melhorar a imagem pessoal do presidente, a campanha publicitária irá re-embalar programas e propostas, como o teto de gastos e a reforma trabalhista, em esforço de defesa do legado político do emedebista.
Com a ofensiva publicitária, a meta do governo é de que o presidente chegue até o fim de abril com uma reprovação inferior a 60%.
Segundo a pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira (31), 70% consideram a sua administração ruim ou péssima. O índice, registrado pela pesquisa realizada nos dias 29 e 30 de janeiro, mostra que sua reprovação se manteve estável nos últimos dois meses, oscilando apenas em um ponto percentual em comparação com o registrado no fim de novembro.
Em todo o país, só 6% dos entrevistados consideram seu governo bom ou ótimo –em novembro, eram 5%–, e 22% o classificam como regular.
O diagnóstico do Palácio do Planalto é que, caso ele alcance um patamar de 40% na soma das avaliações de regular, bom e ótimo, terá condições de se tornar um cabo eleitoral para a campanha presidencial deste ano.
Em conversas reservadas, o presidente mostra preocupação em se tornar um apoio indesejado na campanha.

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