UM LINDO GESTO DE AMOR! Evangélica alimenta 230 crianças por dia em favela de SP
“Reviver é como se você estivesse num vale de ossos secos. Você faz força para levantar. Então você levanta. Revive e vai procurar emprego”, explica Marlene, que é evangélica. Ela conta que já passou fome e seu principal objetivo é não permitir que as crianças que ajuda passem por isso.
Muitos dos moradores da favela com 10 mil moradores costumavam garimpar comida no lixo. Foi isso que a motivou a começar. “Tenho muito dó de criança, não sei por que, começou do nada. Vejo uma com fome, pobrezinha, quero trazer para cá”, explica a ex-empregada doméstica.
Tudo começou no final da década de 1990, quando Marlene trabalhava em uma padaria. Certo dia, em 1995, levou alguns pães que sobraram para a favela e distribuiu. Formou-se uma grande fila e ela então percebeu o tamanho da necessidade.
Junto com a filha, Vanessa Garcia, 33, levou as crianças para a igreja evangélica que frequenta. Lá elas tinham aulas de teatro e de música. “Mas uma hora eu percebi que elas queriam mesmo era comer, porque não tinham comida em casa”, lembra.
Marlene decidiu então pedir alimentos para conhecidos, como as ex-patroas e comerciantes. Logo já tinha quase 200 crianças dependendo dela. Naquela época, o Morro da Macumba sofria com uma guerra entre traficantes. As crianças eram usadas como soldados, ou como escudos e acabavam morrendo.
“Fui falar com um chefe do tráfico e pedi para ele nunca mais usar uma criança”, lembra Vanessa. “Ele aceitou.”
Dez anos depois de começarem a distribuição, Marlene e Vanessa decidiram usar um galpão que ficava no topo da favela. Em 2005 aquele local ainda era usado como ponto de tráfico e cativeiro de sequestros. “Falamos com os traficantes, mostramos o nosso projeto”, lembram. Surpreendentemente, eles saíram e o dono do espaço o cedeu à Marlene.
Políticos não entram
O Morro da Macumba tem centenas de barracos ainda sem saneamento básico. Vanessa resume: “Nossa comunidade é abandonada politicamente. Nenhum político volta.” Desde que foi oficializada como ONG, a Reviver decidiu que não receberia um centavo de nenhum governo, pois “políticos não entram”.
O tráfico e o consumo excessivo e drogas continua sendo um grande problema na comunidade. Algumas crianças ajudadas pela ONG são filhas de presidiários ou de pessoas viciadas. Ou os dois.
“Aqui a gente recebe as crianças mais pobres. A criança não tem culpa se o pai é bandido, toda criança é boa”, explica Marlene, que visita os barracos regularmente para conhecer as necessidades de cada família.
Atualmente, Marlene fica no galpão das 8h às 22h, todos os dias. Conhece o nome (ou o apelido) de todas as 230 crianças que alimenta, as quais trata como filhos.
O projeto cresceu e recebe diferentes apoios. Alguns empresários pagam as contas, doam comida. Os amigos ajudam a limpar e a Pastoral da Criança colabora doando metade dos alimentos. Muitos voluntários que trabalham ali são crianças que passaram pelo galpão e decidiram colaborar.
As crianças que frequentam a ONG, além de receber comida passam quatro horas do dia no local, onde têm reforço em matemática e português e aulas de inglês e francês (dada por voluntários). Com informações de Folha
Nenhum comentário
Postar um comentário