Médica de 88 anos vence a Covid após 50 dias na UTI e volta a fazer cirurgias em SP
A médica Angelita Habr-Gama, de 88 anos, venceu a Covid e voltou a trabalhar no centro cirúrgico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
Para ela, é um recomeço, depois que ficou em estado grave por 50 dias na UTI do mesmo hospital em que trabalha.
Angelita é uma das mais renomadas gastroenterologistas do país. Ela foi internada em meados de março com os pulmões comprometidos e dificuldades para respirar por vias naturais, por isso, a médica teve de ser intubada.
Apesar de não ter comorbidades, ela era considerada do grupo de risco por causa da idade.”Não achei que resistiria. Era um quadro muito grave”, disse a médica.
Ela teve alta no dia 10 de maio e só soube da situação horas após recobrar a consciência.
“É um vírus muito agressivo. Ele se propaga com muita facilidade e como ainda não se conhece muito sobre as características dele, é mais difícil tratar. Mas é preciso ser otimista. É grave, mas nem sempre é letal”, reflete a cirurgiã.
Recuperação
Angelita e o marido, o médico Joaquim José Gama, viajaram para a Europa e Jerusalém onde participaram de um Congresso Internacional de Medicina.
Quando chegaram deram uma festa para lançamento da biografia dela e foi aí apareceram os sintomas.
Um exame confirmou que a médica estava com a covid-19. O marido dela também foi infectado e apresentou sintomas leves.
No Oswaldo Cruz, do qual faz parte há 60 anos, a médica teve intenso apoio para a recuperação e considera que a assistência que teve foi fundamental para que pudesse ter uma boa recuperação.
“Angelita Gama é uma referência para todos nós. Vê-la curada, depois de uma intensa batalha contra o vírus, renova nossa confiança na Medicina, na Ciência, na luta para salvar vidas e traz imensa alegria a todo o corpo clínico e assistencial da instituição”, disse em nota o hospital.
Por causa do período de intubação, ela teve perda de peso e fraqueza muscular. Em casa, deu início a um acompanhamento para se recuperar totalmente da covid-19.
“Progressivamente, as coisas foram voltando ao normal. O meu paladar voltou, passei a me alimentar bem e fiz muitas sessões de fisioterapia respiratória”, conta.
Volta ao Centro Cirúrgico
Três dias depois de retornar aos atendimentos, Angelita voltou a conduzir procedimentos cirúrgicos.
Nos últimos 20 dias, estima ter feito 10 cirurgias. “Foi uma delícia voltar a trabalhar”, diz.
Primeira mulher a se tornar titular em cirurgia do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo, Angelita afirma que o seu desempenho atual é o mesmo que tinha antes da covid-19.
Nada de aposentadoria
Vencedora de mais de 50 prêmios ao longo da carreira, Angelita ingressou em Medicina na USP aos 19 anos e não pensa em se aposentar.
Para ela, a Covid-19 é apenas mais um episódio, em meio a tantos outros de sua vida.
“Não foi fácil vencer a Covid-19, mas depois que venci essa barreira, as coisas se tornaram ainda mais agradáveis. Eu quero continuar exercendo a minha profissão. Estou bem de saúde e intelectualmente. Assim, vou levando a vida”, concluiu.
Com informações do Estado de Minas
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