Banco Central vai permitir saque de dinheiro em comércios
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, anunciou nesta segunda-feira que a autoridade monetária vai passar a permitir saque em dinheiro em comércios. A autorização ainda depende do estabelecimento das regras, que deverão ser divulgadas em agosto.
Em fevereiro, Campos Neto adiantou que o BC estava estudando uma maneira de permitir os saques em estabelecimentos comerciais. Na época, ele explicou que a operação funcionaria da seguinte maneira: o consumidor compraria um produto em alguma loja e pagaria um valor a mais. Essa diferença seria devolvida ao consumidor em espécie, com o possível pagamento de uma taxa de serviço.
Segundo Campos Neto, a autorização virá dentro do Pix, programa de pagamentos instantâneos que está sendo construído pelo BC. O Pix deve começar a funcionar em novembro.
— Essa facilidade visa trazer mais eficiência por meio de reutilização do dinheiro no varejo e aproveitamento dessa rede, e fomentar a competição, ampliando as opções e a capilaridade das instituições para ofertarem o saque.
O presidente do BC disse que essa opção deve diminuir o custo logístico e operacional de distribuição de moeda e facilitar o serviço para os clientes.
— Além de agregar conveniência aos consumidores, pode gerar negócios adicionais aos varejistas, e permite aos participantes do Pix novas funcionalidades.
Pix
O presidente do BC participou do discurso de abertura da reunião plenária que está discutindo a modelagem do Pix. Em sua fala, Campos Neto afirmou que 980 instituições já se inscreveram para participar do projeto que vai permitir pagamentos e transferências em até 10 segundos. Atualmente, o Pix está na etapa homologatória.
— Iremos divulgar o regulamento definitivo no próximo mês, proporcionando plena clareza em relação às regras do arranjo para o seu lançamento — disse.
De acordo com Campos Neto, as transações serão gratuitas para pessoas físicas e o programa será acessível e efetivo para quem paga e para quem recebe.
— Em 2018, o BC definiu que atuaria como instituidor do arranjo e como provedor da infraestrutura centralizada de liquidação, de forma a possibilitar uma estrutura neutra e sem objetivo de lucro, além de um modelo amplo de participação, fomentando a competição no setor.
Em seu discurso, João Manoel de Pinho Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do BC, ressaltou a diversidade de instituições que aderiram ao Pix, como bancos, instituições de pagamento, fintechs, financeiras e cooperativas.
— Essa pluralidade possibilita não só o amplo acesso ao Pix, mas que surjam modelos de negócio de nicho, ofertando serviços mais adequados a cada realidade.
WhatsApp
Ao divulgar, na semana passada, que vai permitir pagamentos e transferências pelo aplicativo, o WhatsApp levantou dúvidas no Banco Central quanto ao seu funcionamento. Em nota, o órgão regulador do sistema financeiro disse que estaria “vigilante” ao projeto.
Nessa nota, o BC avaliava que há potencial na integração dos pagamentos no WhatsApp com o Pix e sinalizou a necessidade da interoperabilidade das operações com o Pix.
A preocupação do Banco Central é de que a iniciativa do WhatsApp seja fechada, apenas para transações dentro do aplicativo. Parte da agenda dessa gestão do Banco Central é abrir o sistema que tem o Pix como uma das principais bandeiras.
O Globo
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