Após comprar caixão, família descobre que parente preso está vivo
Alívio. Essa é a sensação que o auxiliar administrativo Juliano Neves, de 28 anos, descreve para o que ocorreu com ele e seus familiares. A família havia sido notificada na manhã de terça-feira pelo Instituto Médico Legal que o corpo de seu primo Luciano Santos, 31, que cumpria pena de roubo, estava entre os mortos do massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compej), em Manaus. O caixão e o funeral já estavam preparados, quando eles foram informados, no fim da tarde, que na verdade o detento que cumpre pena de roubo estava vivo e estava sendo transferido para o Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, no centro da cidade.
Juliano já havia reclamado da demora e da falta de informações por parte do IML. Ele conta que eles deram certeza do óbito e por isso a família havia preparado todos os procedimentos.
— O IML tinha confirmado a morte dele. Mas à tarde uma assistente social nos ligou informando que ele estava vivo e estava sendo transferido do Compaj para a Raimundo Vidal Pessoa. É um alívio. Eles dão muitas informações desencontradas, por isso já tinhámos comprado o caixão e preparado todos os procedimentos do velório. Agora estamos aliviados porque sabemos que ele está vivo – comemorou Juliano.
Após a confirmação de que seu primo estaria vivo, Juliano e seus familiares foram para a Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, localizada no centro de Manaus, onde por volta das 21h30, onde chegou a ver Luciano.
— Chegamos lá ainda no fim da tarde, pois a assistente social havia nos avisado que ele estaria sendo transferido. O caminhão que estava com os detentos ficou parado por volta de quatro horas. Perto de 21h30, quando eles começaram a descer, vi quando ele entrou no presídio. Ai, o alívio foi ainda maior – finalizou.
— Eles não passam nada. Falam que tem uma lista, mas na verdade não tem lista nenhuma. Ontem pegaram os dados e disseram que iam nos ligar por volta de meia-noite, mas não ligaram. Hoje pela manhã, tive que passar as características de novo e foi quando confirmaram que ele estava entre os mortos. Isso é desumano. Eles (funcionários) passam debochando da nossa cara. Ficam rindo da nossa cara e dizem que bandido tem que morrer mesmo. Isso é coisa que se faça? — questionou Juliano.
O Globo
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