O Arauto da revolta popular!
Não pelos reacionários, pelos latifundiários, pelos generais golpistas, pelos fascistas declarados ou encapotados, mas pelo povo brasileiro, que votou contra a esquerda dita idealista - e notoriamente irrealista quanto à natureza humana (sobretudo à própria) - que montou um "mecanismo" de enriquecimento ilícito e de perpetuação no poder digno dos piores hábitos do coronelismo e do caciquismo que os seus antepassados ideológicos, de Josué de Castro a Celso Furtado, tanto criticaram. Um povo zangado, enganado, roubado, manipulado pelos fariseus da tolerância, dos direitos humanos e das flores de retórica do melhor dos mundos, pelos donos de tudo - do pensamento único aos recursos do Estado.
Esta esquerda, que há décadas se habituou a condicionar as cabeças e os corações dos eleitores, controla o léxico da comunicação, continuando a distribuir qualificativos destinados a acordar fantasmas de tiranias passadas (só as "fascistas") e a toldar a dura realidade das presentes tiranias. Mas se ainda domina nos grandes media, na Academia e até nas Artes, perdeu o domínio do povo. E é isso que lhe dói: deixar de controlar o que deve ouvir, ver, pensar e escolher "o povo".
Estabelecida no poder e corrompida por ele, sem o controle da nova "rua" ou das novas formas de dissidência, alienada do povo e das suas velhas causas, esta esquerda arrogante, decadente mas habituada a ser campeã da revolta e do progresso, vê-se agora subitamente ancien regime, ortodoxia contra a qual lutam os novos insubmissos e os novos "danados da terra". E é ela que censura e policia o discurso; é ela que rasga as vestes e se escandaliza e se ruboriza com as blasfêmias, as barbaridades e as imoralidades proferidas pelos líderes selváticos que o povo, ou parte dele, sem outra escolha, resolve levar em ombros.
Estabelecida no poder e corrompida por ele, sem o controle da nova "rua" ou das novas formas de dissidência, alienada do povo e das suas velhas causas, esta esquerda arrogante, decadente mas habituada a ser campeã da revolta e do progresso, vê-se agora subitamente ancien regime, ortodoxia contra a qual lutam os novos insubmissos e os novos "danados da terra". E é ela que censura e policia o discurso; é ela que rasga as vestes e se escandaliza e se ruboriza com as blasfêmias, as barbaridades e as imoralidades proferidas pelos líderes selváticos que o povo, ou parte dele, sem outra escolha, resolve levar em ombros.
Os pobres honestos do Brasil - que são a maioria - são os mais expostos à brutalidade das máfias que dominam os bairros periféricos e ao crime desorganizado das violações, dos homicídios, do terror clerocrático. Com mais de 62 mil homicídios em 2016, não admira que os brasileiros queiram mão dura sobre os criminosos. E para os que não vivem em condomínios de luxo nem têm segurança privada, essa mão dura terá necessariamente de vir do Estado e da polícia.
Estes dois fatores - a corrupção de todos, mas sobretudo do PT e a segurança - são sem dúvida os que, pela negativa, penalizam os partidos clássicos e favorecem Bolsonaro. Mas há também factores que, pela positiva, o favorecem: a afirmação da nação e do seu valor central na equação política e a campanha cultural pelos valores religiosos e familiares contra a pressão intimidatória dos ativistas dos mil "gêneros", que querem transformar uma legítima campanha pelas liberdades e direitos de minorias sexuais numa missionação apostada em elevar a regra condições, opções e costumes minoritários.
A esquerda radical e o centro moderado não têm de se queixar: a arrogância, a impunidade e a agressividade de uns e a covardia cúmplice de outros, a corrupção ou a tolerância à corrupção de todos e, sobretudo, a hipocrisia levaram o povo brasileiro ao desespero e à revolta. Esse desespero e essa revolta encontraram voz num inesperado arauto: Jair Bolsonaro, presidente do povo brasileiro
Por Jaime Nogueira Pinto
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