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Padre celebridade gastou R$ 367 milhões para comprar 106 propriedades rurais

 

A Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) comprou ao menos 106 propriedades rurais como fazendas, sítios e chácaras entre os anos de 2010 e 2019. Para as aquisições, a entidade criada pelo padre Robson de Oliveira Pereira, de 46 anos, gastou R$ 367,6 milhões neste período. As terras foram adquiridas principalmente em Goiás, onde vive o pároco, mas também há registros de compras em Mato Grosso e São Paulo.

Os valores aplicados nesses negócios foram provenientes de doações feitas pelos fiéis à Afipe, associação fundada para cuidar dos interesses do Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade. Robson foi presidente da entidade até semana passada, quando se afastou do cargo em meio a uma série de denúncias apresentadas pelo Ministério Público de Goiás (MP). O pároco é suspeito de utilizar os recursos dos donativos para fins pessoais.

As aquisições dessas terras foram negócios fechados, sobretudo, com pagamento à vista. De acordo com dados que constam em um relatório das movimentações financeiras da Afipe, que Época teve acesso, 99 fazendas foram quitadas em uma única parcela. Apenas sete propriedades rurais foram pagas a prazo.

A primeira terra comprada pela Afipe foi a Fazenda Boa Vista do Ribeiro, localizada em Guapó, município localizado a 36 quilômetros de Goiânia. Os documentos mostram que a aquisição ocorreu no dia 23 de setembro de 2010, ano em que o padre Robson divulgou o projeto para construir uma nova basílica em Trindade, cidade que se tornou destino de romaria de peregrinos católicos. A propriedade custou R$ 400 mil em valores da época.

Os gastos com fazendas cresceram ano após ano, assim como aumentavam os donativos para a Afipe. No fim de 2010, a entidade totalizou R$ 8,6 milhões investidos em áreas rurais. O valor saltou para R$ 76,5 milhões em 2015 e chegou ao máximo dois anos depois.

Em 2017, o montante gasto pela entidade na compra de propriedades rurais chegou a R$ 115,1 milhões. A fazenda São Domingos, situada em Caiapônia, foi uma das responsáveis pelo alto valor gasto com imóveis rurais naquele ano. A propriedade custou R$ 92,9 milhões e foi paga à vista pela Afipe.

Naquela altura, o padre Robson foi vítima de um crime de extorsão, quando teve o computador e celular hackeados. Segundo o MP, o pároco foi chantageado ao longo de 2017 “para que não divulgassem imagens e mensagens eletrônicas com informações pessoais, amorosas e profissionais que levassem a prejudicar sua imagem”.

O Padre Robson chegou a transferir mais de R$ 2 milhões das contas bancárias da Afipe para os criminosos. Após a condenação da quadrilha de extorsão, o padre passou ser investigado por uso indevido das doações dos fiéis. Para o MP, o pároco é suspeito de ter cometido crimes de apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos, sonegação fiscal e associação criminosa.

Época

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