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MÁFIA COVID: Estão morrendo pessoas que poderiam ser salvas”, disse o técnico de enfermagem da UPA da Cidade da Esperança, Natal-RN


“Nós perdemos um paciente que internou por covid-19, mas ele não morreu por covid-19. Ele morreu porque na hora de entubá-lo o respirador quebrou. Estão morrendo pessoas que poderiam ser salvas”, disse o técnico de enfermagem da UPA da Cidade da Esperança, Anderson Oscar de Santana.
Esse é apenas um dos inúmeros relatos que o Sindsaúde-RN vem recebendo ao longo dos dias. São relatos fortes e chocantes de trabalhadores da saúde que se vêem de mãos atadas diante das condições de trabalho . São histórias reais de pessoas que enfrentam a Pandemia do novo coronavírus.
Segundo relato do técnico de enfermagem, Anderson Santana, os últimos plantões dos trabalhadores da UPA da Cidade da Esperança foram assustadores. Na madrugada desta segunda (11), mais um paciente foi a óbito porque o respirador quebrou na hora de entubá-lo.
Poderiam ser cenas de um filme de terror, mas as a cenas acima contam o drama real dos trabalhadores da saúde da UPA Esperança. Infelizmente, essa situação é uma realidade em todo o Estado. A falta de EPI’s, as condições de trabalho estão deixando os trabalhadores abalados psicologicamente.
Para Thelma Ribeiro, diretora do Sindsaúde-RN e trabalhadora da UPA Esperança, o clima está cada vez mais tenso. No seu penúltimo plantão, faltou pilha no laringoscópio com o paciente sedado. Os profissionais se desesperaram para conseguir as pilhas e fazer o paciente respirar. “Não consegui conter o choro porque ver pessoas morrendo por falta de insumos e estrutura é uma sensação indescritível”, declarou Thelma, que também é diretora do Sindsaúde-RN.
De acordo com servidores da UPA, não bastasse o sofrimento em trabalhar sem condições de trabalho, agora, se deparam com o assédio moral por parte do diretor da unidade. Segundo relatos, não há diálogo entre a direção da unidade e os trabalhadores. Quando os servidores apresentam insatisfação devido a ausência de equipamentos para combater o novo coronavírus, o diretor tem respondido com ironias do tipo “se não estiver satisfeito, peça transferência”. Isso é um absurdo. O Sindsaúde-RN afirma que não vai tolerar perseguição e intimidação aos servidores.
“Para nós do Sindsaúde-RN, mais vidas poderiam ser salvas se houvesse respiradores, condições de trabalho, equipamentos de proteção e medicamentos. Sabemos que o descaso não é de hoje. Esses governos e gestões que abrem a boca para dizer que somos heróis, são os mesmos que negam e retiram direitos”, disse Flávio Gomes, diretor do Sindsaúde-RN.
Mesmo com ações judiciais promovidas pelo Sindsaúde-RN, o governo Fátima (PT) e o prefeito Álvaro Dias (PSDB) não oferecem condições de trabalho aos servidores da saúde. “Continua faltando EPI’s nas unidades de saúde. Em algumas locais, os epi’s fornecidos não são adequados. É inadmissível que os próprios trabalhadores da saúde façam campanhas para arrecadar equipamentos de proteção, quando deveria ser o Estado a fornecer. Não estamos pedindo um favor, estamos pedindo um direito”, afirmou Flávio.
De acordo com o boletim divulgado pela Sesap com dados atualizados no dia 7 de maio, os profissionais da saúde representam 26% do total de infectados pelo coronavírus no Rio Grande do Norte. São 475 trabalhadores da saúde doentes por covid-19. No RN, já são 1.930 casos confirmados e 88 mortes.

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