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Traição’ e ‘decepção’ foram as palavras de ordem no Alvorada


Nomes como os dos ex-ministros da Aviação Civil, Mauro Lopes (PMDB-MG), e dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR-AM), estão na lista das “traições” que mais decepcionaram a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros do Planalto.
De acordo com interlocutores da presidente, no entanto, a maior surpresa foi com o voto do deputado Adail Carneiro (PP-CE), que esteve com Dilma no Palácio da Alvorada na tarde de sábado, 16, a convite do governador do Ceará, Camilo Santana (PT). “Ué, esse cara não passou a tarde toda aqui com a gente e foi lá e votou contra?”, queixou-se, “perplexa”, a presidente, segundo aliados. Em relação a Alfredo Nascimento (PR-AM), ex-ministro dos Transportes afastado por Dilma na “faxina” que feita por ela no início do seu primeiro mandato, todos entenderam que houve uma “clara vingança”.
A presidente acompanhou a votação na sala dos Estados do Alvorada, ao lado da biblioteca, assistindo pela TV a sessão da Câmara. Estava acompanhada pelos ministros Jaques Wagner (PT-BA), da chefia de Gabinete da Presidência, que estava conferindo o voto dos baianos, de Ricardo Berzoini (PT-SP), da Secretaria de Governo, Kátia Abreu (PMDB-TO), da Agricultura, Aldo Rebelo (PC do B-SP), da Defesa, José Eduardo Cardozo (PT), da Advocacia-Geral da União, e da Secretaria de Comunicação, Edinho Silva (PT-SP).
“Traição” e “Decepção” foram as palavras mais ouvidas no Alvorada. Na contabilidade do governo, os deputados Nelson Meurer (PP-PR) e Toninho Wandscheer (PROS-PR), por exemplo, votariam contra o impeachment, mas votaram a favor. Momento de suspense na sala do Alvorada foi na hora de aguardar o voto do deputado Waldir Maranhão, do PP, que tinha primeiro ser a favor do impeachment e desde sexta-feira estava sendo comemorado como uma vitória importante para o governo. Mudanças de votos do PSD também foram reclamadas, como de Marcos Reategui (AP), além de outras do PDT.
Temer. Os auxiliares da presidente optaram por não mostrar a ela durante a votação uma foto em que o vice-presidente Michel Temer aparece sorrindo ao assistir à derrocada da sua companheira de chapa. Na avaliação dos auxiliares, com o quadro negativo e os votos “sim” andando a galope, todos evitavam apresentar a foto para a presidente.
Apesar de a quantidade inicial de votos esperados para o governo ser de 140, o Planalto já admitia que não chegaria perto deste placar, tamanho o número de traições, seja em votos, seja em comparecimentos. Eram esperadas pelo menos 20 ausências. Foram apenas duas.
Após a votação, Dilma desistiu se fazer dar declarações ou divulgar nota. Preferiu deixar que o ministro José Eduardo Cardozo fizesse o papel de porta-voz.

Isto É, com Estadão


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