Últimas notícias

Afinal, o que é ser blogueira?

A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, close-up
Perguntaram-me recentemente o que é ser blogueira, uma pergunta tão difícil quanto o que é filosofia, pois existem muitas respostas. Acho que tenho algumas respostas, são elas:

Primeira, uma blogueira não precisa ser necessariamente jornalista, até mesmo porque a profissão de jornalista, o seu exercício, segundo decisão histórica da mais alta Corte de Justiça, o STF, jornalista não precisa de diploma. Isso decorre da profissão que trabalha diretamente com as linguagens e liberdade de expressão, de comunicação num país democrático essa liberdade é a mais ampla possível.

Não pelo fato de que o STF decidiu que não precisa de diploma um jornalista que as faculdades, universidades fecharam suas portas para graduações e pós-graduações nessa área. Cursos e especializações continuam a todo vapor, graças a Deus.
Mas o fato é que um blogueiro ou blogueira pode ser professor, médico, advogado, engenheiro, arquiteto, motorista de caminhão, gari, balconista, vendedor, dona de casa, enfim, qualquer pessoa comum pode criar e manter um blog. A questão é apenas se vai ter leitores que se agradem do que o blog apresente em suas postagens.

Segunda, uma blogueira ou blogueiro deve estar consciente de que vivemos num Estado Democrático de Direito, ou seja, num país cuja Lei Maior, a Constituição Federal de 1988, diz que "É LIVRE A MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO, VEDADO O ANONIMATO". Isso quer dizer que o blogueiro ou blogueira tem que mostrar a sua cara, dizer o que pensa, expor suas convicções políticas, filosóficas, religiosas, enfim, expor seu pensamento.

Código de conduta para blogueiros? Tem gente tentando fazer, estipular, mas os Códigos de Conduta dos blogueiros são a Constituição Federal e demais leis do País.

Uma blogueira ou blogueiro não podem difamar, caluniar, injuriar as pessoas porque isso ultrapassa a livre expressão do pensamento e se torna crime. E a Justiça está aí para punir ou obrigar ao pagamento de indenização para quem ultrapassa os limites do livre pensamento.

Aliás, a liberdade do blogueiro decorre do fato de que o país Brasil tornou-se uma democracia, ou melhor, voltou a ser uma democracia depois de 1985 e se estabilizou como nação democrática a partir de 1988.
Terceira, um blogueiro não precisa ser IMPARCIAL, já que expressa pensamentos, convicções políticas, filosóficas, religiosas, etc etc. Até mesmo porque quem deve ser IMPARCIAL é o Poder Judiciário, que atua por meio dos seus órgãos, os juízes, os quais dizem o direito das pessoas envolvidas em conflito.

Como os pensamentos mudam na velocidade da luz, um blogueiro ou blogueira pode mudar de pensamento ao longo do tempo. Na política, por exemplo, o blogueiro pode ser a favor de determinado candidato. Depois, pode mudar se aquela pessoa não corresponder totalmente às ideias do blogueiro ou blogueira. E isto não pode ser tachado de incoerência, loucura ou qualquer outra coisa. É a liberdade de expressão, de opinião, de pensamento. Sem censura. Aliás, a censura também foi extinta na Constituição de 1988, não significando com isso que acabou-se a censura e instalou-se a libertinagem. Não temos mais censura, mas temos que respeitar a Constituição e as demais leis do país, os quais dizem a lição mais básica do Direito que diz que o meu Direito termina onde começa o Direito do outro.

Quarta, um blogueiro ou blogueira cria um blog e somente acessam as pessoas que se agradam daquele blog. Um simples clique faz na tela aquele blog desaparecer e você tem a escolha de clicar noutros milhões de blogs que existem no mundo cibernético. Questão de escolha. Graças ao Estado Democrático de Direito nossas retinas tem a liberdade de ler o que agrada, e deletar o que não agrada, e processar o que lhe atinge de forma desrespeitosa.

Quinta e última resposta: Uma blogueira pode ser uma pessoa "sofisticada", dona de um invejável "currículum vitae", com mestrado e doutorado na Sorbonne, mas também pode ser uma pessoa comum como eu, uma blogueira do Pé de Serra, zona rural, pés no chão, professora da educação infantil, dona de casa, um filho e um esposo maravilhoso, que compreende essa blogueira como ninguém.

Até mesmo porque um blog está disponível para criação de quem quer que seja, basta saber ler e escrever um pouco, a norma padrão ou as normas coloquiais, pois o erro ortográfico em língua portuguesa se tornou absolutamente RELATIVO. Não existe mais a noção de erro em nossa língua. Existem variedades de uso da linguagem. Não existe mais somente uma gramática ou norma padrão, existem diversas gramáticas, a normativa, a descritiva, a interna, embora a maioria das pessoas se inclinem para a norma padrão, exposta numa gramática normativa.


Enfim, o blog é liberdade. Liberdade de dizer o que pensa, de mostrar  o que quer que seja mostrado, de mostrar o que a pessoa tem de mais precioso como pessoa humana: sua própria identidade. Nesse quesito, o blog é a cara da blogueira, porque é a própria blogueira, sem máscaras nem disfarces. 
Por ser espontâneo, um blog conquista pessoas que com ele se identificam. Torna-se, na prática, um formador de pontos de vista, de visões de mundo. Como diz Guimarães Rosa, numa frase emblemática até hoje na sua obra prima Grande Sertão: Veredas: "Cada um o que quer aprova, o senhor sabe: Pão ou pães é questão de opiniães."

Nenhum comentário