Iracema Castanhas tem cem dias para se recuperar!
A Iracema Indústria e Comércio de Castanhas de Caju entrou em processo de recuperação judicial, após ficar sete meses sem receber novos carregamentos de castanha e demitir cerca de 800 colaboradores. O processo corre na 2ª Vara de Recuperação de Empresas e Falência, sob a responsabilidade do juiz Cláudio César de Paula Pessoa.
Na prática, a empresa tem prazo de 150 dias - contados a partir de 1º de agosto, quando foi autorizado o processo -, para retomar as atividades sem que possa ser cobrado o passivo de cerca de R$ 100 milhões com credores, fornecedores e trabalhadores. Ou seja, a empresa ainda tem cerca de 100 dias para se recuperar. Em 1º de outubro, terá que apresentar o plano de recuperação, detalha Ronei Machado, CEO da X Infinity Invest e novo administrador da Iracema.
“O plano está sendo finalizado. Depois, o juiz vai solicitar assembleia geral de credores para entrar em um acordo sobre o plano de pagamento. A empresa tem total capacidade de recuperação. Já começamos a produzir essa semana”, afirma Ronei, contratado da Bond Commodities, detentora da Iracema.
A Iracema tem quatro fábricas, três em Fortaleza e uma em São Paulo do Potengi, no Rio Grande do Norte. O administrador afirma que a restruturação está colocando em funcionamento somente duas unidades em Fortaleza, a Fábrica 1 (na Avenida Francisco Sá, 3175) e a Fábrica 2 (Avenida Vinte de Janeiro, 1584). As outras duas foram desativadas.
A demissão de mais de 800 funcionários gerou boatos de que a Iracema estaria saindo do mercado, o que foi desmentido pelo CEO. A empresa já recebeu novo aporte de capital de R$ 5 milhões e a estimativa é investir até R$ 20 milhões ainda em 2013.
Ronei apontou erros de estratégia ao longo do tempo e problemas de adversidade climática, o que causou uma quebra de safra, como os principais motivos para a quase falência da Iracema, com 63 anos no mercado. A lógica do negócio será invertida e, agora, 70% da produção será direcionada ao mercado interno e 30% para exportação. Ocorria o contrário.
Primeiro, trabalhadores
O processo de desligamento dos cerca de 800 funcionários foi acompanhado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), relatou Bruno Lima, advogado do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Beneficiamento de Castanha de Caju e Óleos Vegetais do Ceará (Sindcaju). Ele ressaltou que os trabalhadores são credores primários, por isso, têm preferência no recebimento.
A estimativa é de débito de cerca de R$ 13 milhões em direitos trabalhistas, como rescisão contratual e multas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
“Há um prejuízo direto dos trabalhadores, porque perderam o emprego, mas há também um prejuízo social, que o Ministério Público está apurando”, ressalta Bruno. A possibilidade é de uma ação de dano moral coletivo.
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