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Haddad diz que “fenômeno evangélico” ditou a sua derrota

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Respondendo a 32 processos, sendo réu em um deles, Fernando Haddad (PT) deu uma entrevista à “Folha de S. Paulo” onde tentou apontar os motivos de sua derrota. Disparando uma série de clichês que caracterizaram sua campanha, o ex-ministro da Educação entende que o maior responsável pela sua derrota nas urnas foi “um fenômeno evangélico”.

O petista, que luta para se firmar como sucessor de Lula à frente dos movimentos de esquerda no país, avaliou assim seu desempenho: “eu ganhei entre os negros, as mulheres e os muito pobres. Depois de tudo o que aconteceu, quase tivemos a quinta vitória consecutiva. Com Lula, venceríamos”.

Disse ainda que “Há estudos mostrando, se eu tivesse no mundo evangélico o mesmo percentual de votos que tive no mundo não evangélico, eu teria ganho a eleição”. Demonstrando não ter noção do que é a igreja evangélica no país, optou pela generalização.

“A pauta regressiva afeta esse mundo [evangélico] de forma importante. Há um fenômeno evangélico sobre o qual temos que nos debruçar. Não podemos dar de barato que essas pessoas estão perdidas”, ponderou

Para o economista que defendia teses acadêmicas sobre o socialismo russo, seria preciso pensar na “Ética Neopentecostal e o Espírito do Neoliberalismo”. Em tom mais comedido, repete o argumento que usou para atacar Edir Macedo durante a campanha, atingindo por tabela todas as lideranças evangélicas que estavam ao lado de Jair Bolsonaro.

“O Brasil, estruturalmente, é um híbrido entre casta e meritocracia. Se admite que o indivíduo ascenda, mas sozinho. Desde que a distância entre as classes permaneça. O neopentecostalismo e a teologia da prosperidade são compatíveis com isso”, avalia Haddad.

Desde que tentou implantar o chamado “kit gay”, em 2011, ele se antagoniza com o segmento. Afinal, foi a Frente Parlamentar Evangélica que pressionou a presidente Dilma Rousseff a vetá-lo na ocasião.
Conservadorismo é “agenda regressiva”

Mesmo sabendo da grande rejeição que tem entre os cristãos conservadores, ele defende que a esquerda brasileira “tem agora o desafio de abrir um canal com a igreja evangélica, respeitando as suas crenças”.

Ele não lista quais seriam as crenças, mas dá sinais que não as respeita. Classifica as bandeiras defendidas pela maioria dos evangélicos e adotadas por Bolsonaro de “agenda cultural regressiva”. Com a arrogância que lhe é característica, falsifica a história para impor sua narrativa. “Essa pauta mobiliza as pessoas criando inclusive ficções. Eu permaneci à frente do MEC por oito anos. As expressões “ideologia de gênero” e “escola sem partido” não existiam. Era uma agenda de ninguém. Ela foi criada, ou importada, como um espantalho para mobilizar mentes e corações”, insiste.

Na longa entrevista à jornalista Mônica Bergamo, Haddad falou novamente sobre o suposto envio de mensagens pelo WhatsApp contrárias a ele como um elemento que pesou na eleição. Curiosamente, reclamou de um crescente sentimento “antipetista”, mas em nenhum momento abordou os escândalos que envolvem toda a estrutura de seu partido. Embora tenha dito que o que movia os pastores é a “fome de dinheiro”, não usa a mesma medida para falar da corrupção que caracterizou os governos do PT reveladas pela Lava Jato.

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