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Não teve Golpe: "“Democracia em Vertigem” perdeu o Oscar. O que isso significa?"



"Não foi dessa vez. Apesar da intensa campanha de marketing e da torcida de milhões, Democracia em Vertigem, filme da cineasta Petra Costa que concorria na categoria Melhor Documentário, não conseguiu trazer a estatueta dourada para o Brasil.

E aqui seria muito fácil dar vazão à schadenfreude e tripudiar da derrota, ressaltando os muitos erros factuais do documentário e os problemas estéticos e éticos já explorados em tantos textos de tantas vozes. Além de fácil, porém, seria preguiçoso e intelectualmente desonesto. Porque a indicação de Democracia em Vertigem foi, sim, importante – e não apenas no aspecto ufanista cafona daqueles que almejavam, finalmente, um Oscar para o Brasil.

Pós-verdade
Independentemente da derrota, Democracia em Vertigem é um marco. Porque, com seu filme, Petra Costa conseguiu dar sobrevida à narrativa de que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi um golpe perpetrado por poderosos malvadões que não queriam ver o pobre andando de avião e que não suportavam a ideia de ter uma mulher ocupando o cargo mais alto do Executivo.

Isso mesmo. Aquela narrativa da qual tantos debochavam e ainda debocham ganhou forma e conteúdo com Democracia em Vertigem, deixando claro para quem quiser enxergar que a ideia de um golpe é muito real para milhões de brasileiros. E, como uma ideia real, ainda que equivocada, ela precisa ser enfrentada no campo que lhe é devido, isto é, o campo das ideias. O "golpe" deixou de ser motivo de chacota ou sinal de delírio esquerdista para se transformar, infelizmente, numa explicação plausível. Graças a Democracia em Vertigem.

Prova disso é a própria expectativa diante da premiação, com os dois lados dessa contenda política se digladiando e tentando impor sua versão da verdade. Petra Costa tinha a vantagem – um produto cuja mera indicação ao Oscar significava uma chancela. O outro lado nessa dicotomia perversa que se tornou o debate político brasileiro tinha a seu favor os fatos – mas fatos, como sabemos, se tornaram uma commodity sem grande valor em tempos de fake news ou pós-verdade.

Gazeta do povo

Um comentário

João Romão disse...

O nome mais apropriado seria: Esquerda em vertigem. O fato de ser indicado ao Oscar não lhe confere credibilidade. Uma farsa não deixa de ser farsa por mais que receba aplausos.