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" Voto não tem preço, tem consequência!"

Ainda hoje se pratica o coronelismo? Sim.
O coronelismo se baseava no chamado “voto de cabresto”, quando um grande proprietário de terra obrigava a população local a votar em determinado candidato mediante a compra do voto e até mesmo sob ameaça. Na época da República das oligarquias o voto era aberto, o que aumentava a pressão das elites sobre o eleitor. Hoje em dia, embora o voto seja secreto, a compra de votos ainda existe e o coronelismo também. Hoje os coronéis  são  outros, mas a prática em sua essência é a mesma.
É muito comum ouvirmos dizer que o ano das eleições é um ano propício para se realizar projetos pessoais, arrumar emprego, reformar a casa, cavar uma vaga em uma escola, etc. É compreensível que o senso comum aceite esta realidade, uma vez que a repetição faz com que uma prática equivocada se torne cultural. No entanto, só porque uma coisa se torna comum, não significa que ela seja correta. São as distorções culturais que se enraízam pela falta de outro modo de agir.
Atualmente, grande parte da população contribui para a corrupção do processo eleitoral ao se submeter aos favores políticos. É claro que tem muita gente necessitada, tem muita gente com fome, enfim tem “muita gente”. Mas essa gente é mantida na privação justamente porque a miséria gera voto. Um povo intelectualmente despreparado é presa fácil para os políticos inescrupulosos. O que preocupa, é que muitas vezes aqueles possuem condições para libertar através do esclarecimento, por uma questão cultural ou simplesmente de caráter, adotam o derradeiro “É assim mesmo!”, o que legitima ainda mais a exploração da miséria.
O custo de um voto comprado, seja  através da doação de uma cesta básica, ou da distribuição de contratos na prefeitura é muito baixo para o político que possui a “máquina na mão”, porém sai caro para processo democrático, uma vez que provoca distorções, desvia e subverte a sua razão de ser: o bem da coletividade.
Quando um político se apropria da coisa pública para beneficiar seus apadrinhados, está praticando o que o sociólogo brasileiro, Bernard Sorj chama de patrimonialismo. Além disso, o político que pratica a compra de voto, não o faz do próprio bolso. Quando não utiliza recursos públicos, recebe apoio financeiro dos grandes empresários e passa a representá-los. Um político associado ao empresariado encontrará muita dificuldade para representar o povo, uma vez que o interesses deste geralmente é incompatível com os dos seus financiadores.

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