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Caminhoneiros terminam greve no último ponto de protesto do país

Os caminhoneiros autônomos concentrados há 11 dias na área da Alemoa, um dos principais acessos ao Porto de Santos, no litoral de São Paulo, decidiram encerrar a greve, após assembleia realizada no local, na noite desta quinta-feira (31).
A decisão ocorre horas depois de o comando da ‘Operação Caiçara’, como foi batizada a ocupação dos principais acessos ao cais santista pelas Forças Armadas, anunciar que a ação será mantida por tempo ainda a ser determinado.
Segundo apurado pelo G1, representantes de três associações de caminhoneiros autônomos saíram da capital paulista, após audiência com o governador Márcio França (PSB), e se encontraram com o grupo reunido em Santos. Após conversa com os manifestantes, foi decretado o fim da greve e o retorno ao trabalho a partir da 0h desta sexta-feira (1º).
Entre os pontos acordados entre França e os representantes da categoria, está o parcelamento do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e a garantia de ao menos dez pontos de parada para os caminhoneiros nas rodovias, nos quais eles teriam a disponibilidade de diesel entre 10% e 15% mais barato.
‘Operação Caiçara’
Na manhã desta quinta-feira, 1.500 militares da Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira, com apoio da Polícia Militar do Estado de São Paulo e da Polícia Rodoviária Federal, chegaram às áreas da Alemoa e Rua do Adubo, dois dos principais acessos ao Porto de Santos, com veículos blindados para fazer a segurança nos acessos ao complexo e garantir a saída dos caminhões que ainda estavam dentro dos terminais.
Segundo o general da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea Alexandre Porto, a ocupação será mantida enquanto houver o risco de novas ações dos caminhoneiros. Apesar da aglomeração no local, não havia bloqueios e não houve confronto entre as forças que ocupam as vias e os manifestantes.
Em nota, o Governo Federal informou que a ação ocorre em conformidade com o Decreto Presidencial n° 9.382, que autorizou o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na desobstrução de vias públicas até o dia 4 de junho.
Negociação
Na noite de quarta-feira (30), a continuidade da paralisação havia sido discutida com a categoria após encontro com o governador Márcio França, que esteve no acesso ao cais para ouvir as reivindicações dos profissionais. A categoria pediu que o Governo Federal reduza a taxa dos impostos aplicada aos combustíveis.
França ouviu as reivindicações da categoria por meio do presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista (Sindicam), Alexsandro Viviani, e, após uma negociação frustrada, os caminhoneiros decidiram permanecer na Alemoa.
Segurança
Na tarde de quarta-feira, militares do Exército e soldados da Tropa de Choque da Polícia Militar foram deslocados para o acesso ao Porto de Santos. A mobilização das tropas ocorreu para garantir a passagem de aproximadamente 100 caminhões-tanque que estavam parados nos terminais da região.
A movimentação começou por volta das 17h e, no início da noite, todos os caminhões já haviam deixado o cais. Desde sábado (26), o Exército e a Marinha do Brasil estão mobilizados na região portuária como parte do decreto presidencial.
Caminhoneiros que estavam parados há dez dias no local observaram a chegada dos militares e, também, viram a saída de caminhões-tanque do complexo cheios de combustíveis. Não houve tumulto ou necessidade de intervenção, mas alguns motoristas aplaudiram as tropas e gritaram contra os colegas que saíam escoltados.
Greve
A greve dos caminhoneiros começou em 21 de maio em todo o Brasil. Os profissionais pedem a redução no valor dos combustíveis e o aumento do preço do frete. Na Baixada Santista e no Vale do Ribeira, a categoria também se mobilizou em rodovias e nos acessos ao Porto de Santos.
No sábado, por conta do decreto presidencial para a Garantia da Lei e da Ordem, o Navio-Patrulha Macaé (P70) atracou no cais santista com 22 fuzileiros como medida emergencial.
No domingo (27), outros 260 fuzileiros navais chegaram a Santos no Navio Doca Multipropósito Bahia (G40). Vindo do Rio de Janeiro, ele chegou com sete caminhões para transportar tropas, três blindados e dois helicópteros.
Ainda no domingo, um dos helicópteros sobrevoou o complexo portuário para fazer o reconhecimento de eventuais pontos de protesto no cais, segundo o Comando do Exército, procedimento que se repetiu até esta quarta-feira.
O presidente Michel Temer (MDB) anunciou, na noite de domingo, novas medidas para a redução no valor do diesel, em mais uma tentativa de por fim à paralisação que, além de prejudicar o abastecimento de combustível, gerou prejuízo superior a R$ 370 milhões no Porto. Estima-se que 250 mil toneladas de carga em contêineres deixaram de ser embarcadas.
G1

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