Natalenses tentam se aproximar de venezuelanos que estão pedindo ajuda nas ruas da capital potiguar
Quem passa pelas principais avenidas de Natal está se deparando com placas de isopor com os seguintes dizeres: “Bom dia! Sou da Venezuela. Precisamos de ajuda”.
Ter pena de alguém nunca foi solução para nada, mas não podemos fechar os olhos diante desta realidade. “Constatamos que essas pessoas encontraram como solução a mendicância e já vem atuando desta forma há quase 3 anos passando por vários estados. As peculiaridades desta etnia são um desafio para todos que querem fazer além do assistencialismo” esclareceu Kilza Gomes, diretora administrativa da Cáritas da Arquidioce de Natal que está articulando a ação de acolhimento dos indígenas Uarau em Natal.
Os indígenas venezuelanos chegaram em Natal há 3 meses. São cerca de 50 pessoas. A maioria, idosos e crianças que se concentram no fim da tarde nos hotéis das imediações da rodoviária, na Cidade da Esperança. Ativistas da rede @eusoudoamor, que tem como missão o posicionamento cidadão, foram ver de perto a situação dos venezuelanos na tentativa de encontrar uma solução mais definitiva para o problema. Dona Minerva, a matriarca, esclareceu que eles fazem parte de uma tribo indígena da Venezuela que fica no Delta do rio Orinoco, na divisa com Roraima. Ela explicou, num espanhol de difícil compreensão, que vieram de ônibus descendo Brasil afora. “Quando perguntamos com o que eles trabalham, a líder disse que trabalhavam com agricultura e artesanato, mas que hoje estão pedindo esmola. Percebemos que eles ainda não vislumbraram a possibilidade de voltar a trabalhar, ” explicou a psicóloga Cynthia Mota. “O mais preocupante é a situação das crianças e adolescentes nas ruas da cidade expostos ao sol, chuva e violências. Acho que uma boa atitude do poder público é abriga-los em creches e escolas. Se os adultos quiserem pedir esmolas, não podemos impedir, mas é importante que as crianças estejam protegidas”. Pontuou Glácia Marillac, jornalista, e também integrante da rede.
Na tentativa de se aprofundar no assunto, a diretora da Cáritas que está à frente da relação com os venezuelanos esclareceu que já foram feitas várias reuniões com órgãos públicos e sociedade civil organizada, mas nenhuma solução estratégica foi efetivada. “ Estamos dando suporte com fraldas descartáveis, material de higiene pessoal, roupas e comidas. Mas sabemos que não é suficiente. A condição das acomodações é precária, cada pessoa paga uma média de 20 reais para se hospedar e 10 reais para se alimentar. ” Explicou Kilza Gomes que também esclareceu já ter chegado em Natal famílias venezuelanas que não são desta etnia, mas que também vieram buscar na capital potiguar um abrigo e estão passando por sérias dificuldades. “ Nós da Arquidiocese de Natal, através da Cáritas, estamos acompanhando duas famílias. Uma, já está encaminhada para emprego. A situação da outra, inclusive de uma refugiada que está com as duas filhas e a mãe em Natal e que era contadora e auditora do Ministério da Educação na Venezuela, continua bem difícil. Se alguém puder oferecer um emprego a ela, será muito importante. O mundo está precisando de amor e precisando de paz. Só o amor pode mudar essa realidade. É difícil, desafiante, mas precisamos tentar. ” Concluiu a coordenadora da Cáritas da arquidiocese de Natal.
Muitas pessoas já estão se mobilizando para ajudar, já que os venezuelanos além de estarem em situação de miséria estão longe do seu país de origem. A expectativa agora é que o Ministério Público se pronuncie para pressionar os órgãos públicos responsáveis a tomar uma providência.
Quem puder ajudar de alguma forma, pode entrar em contato pelo telefone 36152800
Blog do BG
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