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Caso Witzel: agentes encontraram indícios de tentativa de destruir provas na operação Tris in Idem

 

A sessão da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que manteve o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), afastado do cargo por 180 dias, realizada nesta quarta-feira (2), revelou que agentes encontraram indícios de tentativa de destruição de provas por parte de investigados na Operação Tris in Idem e de vazamento de informações. O governador afastado, sua mulher, a advogada Helena Witzel, e mais sete pessoas foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção e lavagem de dinheiro. Eles são acusadas pelo Ministério Público Federal (MPF) de integrar um esquema que desviou dinheiro da Saúde e de outras áreas.

Ao ler o seu voto a favor do afastamento de Witzel, a ministra Laurita Vaz revelou que, durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão da Operação Tris In Idem, na última sexta-feira, agentes encontraram, em endereços ligados a investigados, documentos rasgados. A quebra de sigilo telemático (de mensagens) também aponta para um possível vazamento de informações nocivo à apuração dos fatos.

— No dia das buscas e apreensões, foram encontrados documentos rasgados com investigados, em clara tentativa de destruição de elementos úteis à apuração dos fatos. Há evidências de vazamentos de informações sensíveis da investigação, pois se constatou que “os referidos foram informados da deflagração da operação a partir da quebra telemática nas conversas colhidas entre os investigados” — afirmou a ministra, citando um trecho do voto do relator, Benedito Gonçalves.

Laurita Vaz disse ainda que “há fortes evidências do cometimento de crimes gravíssimos, envolvendo em primeiro plano supostamente o governador do estado e a primeira-dama (Helena Witzel)”.

Por 14 votos a 1, o colegiado confirmou a liminar concedida na última sexta-feira, de forma monocrática, pelo ministro Benedito Gonçalves. A derrota de Witzel no STJ só não foi por unanimidade porque o ministro Napoleão Nunes Maia discordou do relator. Ele lamentou que os advogados de defesa não tenham sido ouvidos antes do afastamento e criticou a decisão ter sido tomada monocraticamente.

Os ministros Maria Thereza de Assis Moura e Mauro Campbell afirmaram que o afastamento deveria ter sido decidido desde o início pela Corte Especial, mas referendaram a decisão monocrática de Gonçalves. Outros ministros entenderam que era necessário o relator decidir sozinho porque a questão era urgente, evitando, assim, mais desvios de recursos destinados ao combate à Covid-19.

Em sua conta no Twitter, Witzel disse respeitar a decisão do STJ e voltou a negar ter cometido qualquer irregularidade: “Compreendo a conduta dos magistrados diante da gravidade dos fatos apresentados. Mas, reafirmo que jamais cometi atos ilícitos. Não recebi qualquer valor desviado dos cofres públicos, o que foi comprovado na busca e apreensão. Continuarei trabalhando na minha defesa para demonstrar a verdade e tenho plena confiança em um julgamento justo”, postou ele.

Wilson Witzel também escreveu uma mensagem no Twitter para o seu substituto: “Desejo ao governador em exercício, Cláudio Castro, serenidade para conduzir os trabalhos que iniciamos juntos e que possibilitaram devolver ao povo fluminense a segurança nas ruas e, com isso, a esperança em um futuro melhor”.

Extra – O Globo

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